Chave

A chave é uma peça simbólica, que simboliza segredo, privacidade, proteção, entendimento e muitas vezes até confiança. Acho belos conceitos e gostaria de falar mais sobre esse objeto tão comum.

A chave é como uma senha, só quem pode acessar o que está guardado por uma chave é o portador ou alguém que foi digno de confiança para receber uma cópia.

Pensando agora na vida, você tem seus pensamentos, medos, encanações e várias vulnerabilidades que você guarda dentro de si, essas coisas são particulares, são seus "segredos" aquelas coisas que as pessoas podem usar para te ferir e magoar, então de um modo geral você coloca estas coisas em uma caixa ou atras de uma porta metaforicamente e usa uma chave para que só você tenha acesso. 

Conforme você vive, vai confiando em algumas pessoas e dando acesso a sua chave, deixando que veja o "compartimento dos segredos", mas nem sempre estamos certos em relação as pessoas da nossa confiança e elas acabam usando aquelas coisas para nos magoar, espalham para outras pessoas e em alguns casos podem até fazer uma cópia não autorizada da chave para dar a pessoas que podem machucar você. É por isso que proteger a chave é tão primordial para as pessoas.

A questão é que, por conta dessas decepções, a reação pode ser um instinto exacerbado de proteção. Você começa a criar chaves, para abrir coisas menores que se bem preservadas dão novas chaves para as zonas mais profundas e deixando o acesso ao seu eu interior ser cada vez mais dificultoso e burocrático.

Ai então é que vem o problema, esse exagero de proteção afasta as pessoas, faz com que você se torne um robozinho distante e enigmático. As pessoas começam a te enxergar como inacessível, difícil e os mais desencanados tendem a desistir fácil de você e até mesmo você tende a ter mais e mais dificuldades de se conectar com a sua essência e se perde no meio do molho de chaves, sem saber mais a ordem porque afinal de contas, são muitas chaves.

Eu entendo que a coisa mais importante para tudo na vida é o equilíbrio. É ter suas camadas seguras e sua acessibilidade aos demais facilitada na medida do possível. Na vida não se pode ser um livro aberto, porque dá margem de que todos tem o direito de escrever sua história, mas também não precisa ser uma prisão de segurança máxima onde nada entra e os seus sentimentos sufocam. Precisa haver um meio termo.

Não dá para viver uma vida segura e feliz, porque em muitos momentos você vai ter que se arriscar, as vezes vai valer a pena e em outras não. Quem não dá nada não recebe nada, a vida é um mercado de trocas, você dá e recebe, as vezes não na mesma proporção porque nem todas as pessoas são justas em  suas trocas e tudo bem se dar mal as vezes, você irá compensar em outras oportunidades, não generalize, não crie barreiras desnecessárias nem seja acessível demais. Pessoas gostam de pessoas que gostam de si mesmas, as vezes o mundo não vai avaliar você pelos seus erros ou acertos, mas pela forma que você se comporta nas situações.

Então a dica é: 
Cuidado com as chaves, elas podem ser úteis, mas podem te isolar também, use com sabedoria.

Ah e não se preocupe em ser sábio logo de cara, essa característica você adquire ao longo da vida. É uma das poucas coisas que não se pode ensinar, frutifica sozinho e em cada um se manifesta de um modo, não se esforce demais buscando, porque forçar a busca da sabedoria é, sem dúvida alguma, a coisa menos sábia que alguém pode fazer.

Justiça cósmica

Marcela acabava de se formar na faculdade, morava em uma cidade grande estava solteira e sempre buscava viver a sua vida da maneira mais leve possível, sendo gentil com todos, fazendo coisas boas pelas pessoas, sorrindo e  tentando contagiar os outros a sua volta. 

Ela era uma pessoa inofensiva, quem a conhecia sabia de seu enorme coração, sua empatia e seu alto astral, mas nem tudo eram flores, uma moça que trabalhava com Marcela não achava a moça assim tão maravilhosa, seu nome era Leona. Elas tinham a mesma idade e exerciam a mesma função, mas ao passo que Marcela era sempre muito elogiada, Leona achava que os seus próprios esforços eram turvados pela "perfeitinha", como costumava chamar a colega de trabalho.

Leona era uma pessoa que fazia o possível para se destacar, ela sempre tentava ter atitudes chamativas, tinha um instagram de causas sociais onde mostrava diariamente fotos dando comida a mendigos, acariciando animais de rua, fazendo textos super fofos elogiando suas "amigas", o que o mundo chamaria de uma pessoa social, uma pessoa boa que ajuda os outros. Porém após cada clique o que ela realmente esperava era um reconhecimento, um "olha que coisa incrível você fez aqui", mas esses elogios muitas vezes não vinham e ela se lamentava, achando que o mundo não a enxergava.

Seu momento ápice foi em um dia de festa da empresa, todos os funcionários estavam reunidos em um restaurante para comemorar uma meta batida, quando o gerente se levanta, bate com o garfo em uma taça para chamar a atenção de todos e começa a discursar sobre uma grade mudança que está para acontecer.

- Caros amigos, hoje eu tenho a honra de informar a todos que nossa empresa está em um momento de crescimento, sendo assim, vem mudanças bem significativas por aí! - todos em volta estavam sorrindo e ansiosos. - Estamos abrindo uma nova filial no Sul para abranger mais mercado e para isso, precisamos pensar em como gerenciar este projeto da melhor maneira possível. Chegamos então a conclusão de que eu, Anderson, serei o responsável por toda essa estruturação. Vou me mudar para outro estado, mas vou tranquilo sabendo que aqui tudo ficará bem, porque eu tenho certeza que fizemos uma excelente escolha ao promover a Marcela para o cargo de Gerente da empresa.

O queixo de Leona caiu, estava indignada, quase ultrajada, Marcela entrou na empresa apenas um ano depois dela, elas exerciam a mesma função, então porque Marcela estava sendo promovida a gerente e não ela? Ela havia se esforçado mais, se dedicado mais, engolido mais sapos e sido mais puxa saco dos chefes, então por que não haviam promovido ela?

Enquanto todos congratulavam Marcela pela promoção, Leona pensava em um modo de fazer todos enxergarem o quanto Marcela era falsa, ela não era de papear muito com as pessoas, nem demonstrava qualquer tipo de posicionamento em relação as causas sociais que era uma das principais preocupações da empresa. Lenona faria a máscara de boazinha cair, estava determinada!

Ela começou o plano de boicote no dia seguinte, plantando a discórdia no escritório, falou com algumas meninas no almoço, plantou suas dúvidas e deixou que o boato frutificasse. Ninguém sabe nada sobre a Marcela, ninguém vê ela nas redes sociais, não tem namorado e não fala de seus posicionamentos políticos e sociais entre  outras coisas eram as dúvidas que começaram a permear os corredores.

Podia se notar o clima mudando, as pessoas ficando confusas, tentando refutar estas questões, mas sabendo tão pouco da colega que não conseguiam manter um argumento por muito tempo. Leona começou a sentir o jogo virar, estava feliz, ia trabalhar mais arrumada, levava pequenos presentinhos para os amigos que compartilhavam os boatos de Marcela e começou a se sentir cada dia mais confiante, sempre fazendo um bom trabalho e esfregando na cara de quem quisesse (ou não) ouvir o quanto era bondosa.

Havia se passado um mês da promoção de Marcela quando o telefone da mesa de Leona tocou.

- Leona, bom dia? - disse ela ao atender.

- Oi Leona, aqui é o Anderson, estou na empresa hoje e gostaria de falar com você, consegue subir em alguns minutos até a sala de reuniões por favor?.

- Claro! Já estou indo aí! - ela colocou o telefone no gancho e se esforçou para não executar uma pequena dancinha da vitória. Estava acontecendo! Anderson notou que fez uma escolha ruim e queria lhe propor a promoção de Marcela antes destituí-la do cargo. Já que estava claro que toda a equipe estava desconfiada do ar de boa moça da garota.

Chegando a sala de reuniões, ela entrou com um vasto sorriso.

- Oi Anderson, tudo bom?

- Oi Leona, tudo certo por favor, sente-se.

Ela obedeceu.

- Bom. - começou a falar Anderson. - Como sabe tem mais ou menos um mês que a Marcela foi promovida. - Leona concordou com a cabeça. - Pois bem, ela está tendo um pouco de dificuldade por conta de algumas dúvidas que o pessoal está levantando a respeito dela, dúvidas estas que chegaram até mim.

- Ah sei do que está falando, já ouvi algumas coisas a respeito. - Disse ela com uma expressão preocupada. - Já sabe o que pretende fazer a respeito? Acho que um líder que não inspira a confiança da equipe pode ser muito problemático para a empresa.

- Realmente, a perda da confiança é complicado. - Disse ele. - Sabe, eu tenho uma opinião formada a esse respeito. Sabe o que um bom jardineiro faz com as ervas daninhas?

- Poda?

- Exato! Não há como manter uma erva daninha, elas são difíceis de controlar e não trazem absolutamente nenhum benefício para o jardim e é assim que eu vejo funcionários nos quais eu não posso confiar.

- Perfeito! Concordo plenamente! - ela quase bateu palmas o que teria denunciado sua empolgação em saber que Marcela seria demitida.

- Ótimo! Assim fica muito mais fácil eu te dizer que a partir desta data você está sendo desligada da empresa. - disse Anderson.

O choque chegou a expressão de Leona em câmera lenta.

- Perdão?

- Você ouviu, nós estamos desligando você da empresa.

- Por quê?

- Porque você Leona, é uma erva daninha, Desde que entrou aqui sempre se comportou de forma muito ruim, sempre foi grosseira com seus colegas, não é gentil com ninguém, exagera nos seus cafézinhos durante o expediente, vive apontando os erros dos outros e justificando muitos dos seus, como resultado da incompetência dos colegas. Também sei que você plantou os boatos internos que fazem a Marcela ter tantos problemas em sua gestão.

- Não são boatos! Ela é uma metida! Ela entrou aqui depois de mim, eu dei duro para ser promovida, eu dei duro para ser vista, eu me esforcei! - Esbravejou.

- Então. Primeiro, você se preocupa sobre como a Marcela é fora daqui, já que você não faz nenhum segredo do quanto você é generosa, mas sabe o que importa para mim como empresário? O comportamento que você exerce dentro da empresa. Quando eu precisei de um gerente para a empresa eu pensei em você, mas notei que você não dá bom dia para as pessoas, não troca seu horário de café porque um amigo está muito apurado com o trabalho e precisa tirar o intervalo mais cedo, você não recoloca as folhas na impressora quando o papel acaba, enfim, você apresenta uma infinidade de comportamentos bastante egoístas na sua rotina e um gerente a meu ver precisa ser parceiro dos colegas, não pode se comportar como se fosse melhor do que ninguém, precisa ter empatia com a equipe, entender os outros e se importar com eles, porque uma equipe sem motivação não rende. Marcela só está tendo problemas porque você com sua inveja e seu egoísmo resolveram pensar apenas em si e não na empresa como um todo. Eu mantive você até agora porque você exerce seu trabalho bem, mas não tem sido assim no último mês, tenho percebido, mesmo de longe, que você se dedica apenas a apontar os erros da Marcela e dos demais. Você parou de produzir, parou de cumprir as suas obrigações para boicotar os demais e isso eu não vou admitir! - Ele pontuou batendo com o indicador enfaticamente na mesa. - Ali fora tem um segurança, ele acompanhará você até o seu armário e a sua mesa para que possa recolher os seus pertences, depois ele irá com você até a saída, assim que tudo estiver pronto para a sua rescisão o RH irá ligar para você e acertar tudo. Seja muito feliz na sua vida e espero que aprenda a ser uma pessoa melhor no futuro, pode ir.

Lorena se levantou com uma expressão de raiva.

- Escute aqui... - Mas foi bruscamente interrompida por Anderson.

- Escute aqui você! Eu não estou te dando espaço para réplicas, eu não vou tolerar uma menina mimada e birrenta, você esteve na empresa por 5 anos e em todo esse tempo fez apenas o seu trabalho, puxou o saco da diretoria e puxou o tapete e de todo mundo aqui, então não, eu não quero suas justificativas, eu dei corda e você se enforcou com ela, agora saia ou prefere que eu peça para o segurança vir até aqui para tirá-la na base da força? - Ela o olhou com todo ódio que estava sentindo, empinou o nariz e saiu com altivez.

Nos dias que se passaram ela recebeu mensagens de colegas perguntando se ela estava bem e ela fez questão de ser grosseira com todos. Chamou cada um de falso e disse que não queria peninha da ralé.

O clima no escritório ficou melhor, Marcela conseguiu se apresentar como a boa líder que era sem todos os boatos e interferências de Lorena e tudo fluiu.

Lorena acabou tendo que voltar para a casa dos pais, porque não conseguia um emprego a sua altura e não aceitava se rebaixar a cargos menores, nada a fez aprender, nada mudou ela apenas se tornou mais amarga.

Tripulação de Esqueletos - Stephen King


Olá pessoal! Hoje tem resenha de um livro do meu autor favorito, Stephen King, eu morro de amores pelos livros dele e a cada nova experiência eu me apaixono ainda mais.

O autor é conhecido por seus incríveis livros de terror e suspense, sendo um dos mais adaptados para o cinema e TV.

Enfim depois da tietagem desta babona que vos escreve, eis que vamos entrar no tema do post de hoje. Tripulação de esqueletos é um compilado de 22 contos de terror que conta com os mais variados segmentos, tendo enredos envolvendo fantasmas, bruxas, seres mitológicos, brinquedos assassinos, monstros, viagens no tempo, canibalismo, viagens espaciais e até mesmo a psicopatia.

Os contos deste livro são inacreditavelmente envolventes e muitíssimo críveis em alguns pontos. 

Com este livro é possível observar o quanto King é versátil em sua escrita, ele não é considerado um gênio do gênero sem motivo plausível, ele é realmente um escritor de respeito. A minuciosidade e detalhismo da história é tão perfeita que você sente que ele não criou aquelas histórias e sim, de alguma forma, elas são reais, ele traz contos em narrativa na terceira pessoa como em O Macaco e A excursão e em primeira pessoa, tanto em forma de diários como em O Nevoeiro e Sobrevivente, quanto em forma de narrativa em primeira pessoa como em O atalho da Sra. Todd e A balada do projétil flexível. 

As narrativas trazem muita informação dos personagens e suas trajetórias, ele inclui pequenas memórias ao longo da narrativa, como se o personagem realmente estivesse se lembrando de fatos de sua vida em determinados pontos, como ocorre naturalmente com o ser humano quando se depara com algumas situações. 

Apesar das histórias serem fantásticas, com enredos irreais toda a construção do universo em volta é muito "mundano" ele faz personagens humanos, com toda a carga emocional, os dilemas morais, as deturpações psicológicas e os instintos básicos, como o de sobreviver. O autor, torna os personagens verossímeis e profundamente empáticos, sendo até brutal de tanta realidade. Pequenas coisas como o pensamento de aproveitar que uma amigo morre para fugir e salvar a própria pele, matar para promover a ordem e até mesmo comer carne crua e partes do próprio corpo para sobreviver. 

Isso torna a experiência tão impressionante, é você ver retratado nas páginas pessoas "de verdade" e não personagens feitos por um critério moral que te separam da realidade, porque quando você lê percebe que algumas características de personalidade são demasiadas falsas e "projetadas" pelo autor, mas King te apresenta pessoas "cruas" como eu e você, com sérias pressões psicológicas que tomam decisões movidos por instintos, terror, covardia e coragem.

Cada conto te dá uma perspectiva diferente, temos pessoas atormentadas por coisas ruins que fizeram, curiosidade e inconsequência que levam a situações extremas, pessoas que entram em choque ao se deparar com situações extremas, medo e até mesmo algumas fugas mentais como quando você tenta enganar sua mente com alguma fantasia para não focar na situação ruim e entra em estado de paranoia, há personagens psicopatas, aqueles que sonham em matar de forma despreocupada e que em um dado momento simplesmente desligam ou entram em uma espécie de transe perpetrando crimes de maneira brutal.

De um modo geral eu diria que os livros do King são para quem tem estômago, e a mente no lugar, suas descrições de pensamentos humanos, situações e cenas são bastante realistas e podem incomodar os leitores mais sensíveis. O terror do King, não é daqueles em que você tem que sair a noite acendendo as luzes, com medo dos espíritos e fantasmas virem te pegar, o terror do King é a empatia que você sente com os personagens, é temer por eles, praticamente ouvir seus gritos e sofrer com eles dentro de suas mentes.

Por fim, quero destacar uma característica do autor que eu, particularmente, admiro muito que a sua pessoalidade com o leitor. King costuma trazer introduções em seus livros que te puxam para o mundo dele, neste ele até faz um convite: "Agarre meu braço agora. Agarre com força. Iremos a vários lugares escuros, mas acho que conheço o caminho. É só não largar meu braço. E, se por acaso, receber um beijo meu no escuro, não dê muita importância; é porque o amo. E agora, ouça:" e deste ponto o livro parte para seu primeiro conto O Nevoeiro totalmente em primeira pessoa. 

Além desta apresentação, Tripulação de Esqueletos conta com algumas notas ao final em que Stephen King fala novamente com seu leitor de forma pessoal, contando de onde tirou as inspirações dos contos, de onde surgiram as ideias, como elas ocorreram e até mesmo em quem ele se inspirou para criar alguns personagens, é absurda empatia que isso traz, é como se depois de toda a viagem partes das páginas sejam transportadas para a realidade, dando uma sensação de "Nossa! Isso aconteceu de verdade, sem todo aquele terror, mas aconteceu mesmo!" e essa, minha gente é uma sensação incrível.

Não falei das histórias em si, porque eu acho que não saber o que esperar na próxima página torna a leitura mais especial, ver o título e ficar tentando imaginar onde vai dar e as páginas irem pouco a pouco te envolvendo tornam a sua experiência mais imersiva ainda, por isso, não busque sinopses dos contos, segure o braço do autor como como ele convida na introdução e siga com ele, adentrando os lugares escuros.

Dragões

A proposta de hoje é pegar algum elemento e criar um conceito a partir dele, gosto de fazer isso sempre para que eu consiga escrever sobre os mais variados assuntos e sempre manter a criatividade ativa. 

Como podem ver pelo título, a temática é Dragões!

Para começo de conversa, como quem me conhece já poderia supor eu vou começar com um conceito, tirado de um dicionário que diz o seguinte:

s.m. Nome dado aos mais terríveis monstros do mundo antigo. Embora os dragões na realidade não existissem, a maioria das pessoas acreditava neles. Eram enormes serpentes que vomitavam fogo, com asas semelhantes às de um grande morcego, e eram capazes de engolir navios e homens de um só trago. Os mapas antigos representam as partes desconhecidas do mundo como a morada dessas criaturas mitológicas. Os dragões da lenda se assemelhavam muito aos grandes répteis que habitaram a Terra muito antes do aparecimento do homem.
Sim, acho este um dos melhores conceitos que encontrei, genérico, não muito tendencioso e interessante, com este conceito podemos perceber que dragões são seres mitológicos que habitam centenas de histórias e culturas, podemos notar também que suas influências podem ser vistas até hoje do quão presentes os dragões estão em nossa cultura, porque consumimos muito este ser mitológico em muitas áreas, games, filmes, camisetas, tatuagens e mais diversos artefatos que levam os escamosos.

Eu sempre achei os dragões dignos de respeito, acho que eles representam o infinito, são a margem do bem e o mal, pois dominam o caos, sim porque o poder nada mais é que caos, se você possui poder pode facilmente destruir coisas e relações, se não tivesse essa possibilidade não seria poder não é mesmo? Ótimo, voltando aos dragões... Na maioria das culturas os dragões costumam representar a face austera, o rei, a divindade, a coragem e a lealdade, datam lendas milenares que dragões são extremamente fiéis que o coração de um dragão é digno e honrado, geralmente está entalhado em artefatos que simbolizam justamente isso, a honra e lealdade, a coragem e a aristocracia. 

Acho esses seres poderosos e acho também que se existissem de verdade nos tempos atuais seriam completamente desmerecidos de suas honrarias, seriam apenas atrações bizarras de circos itinerantes, ou enormes aberrações de parques temáticos. Julgo os dragões luxuosos demais para nossa decrépita sociedade, desprovida de valores coerentes e relevantes, seria uma lástima macular tamanha grandeza com seres tão medíocres, na antiguidade se dragões um dia existiram, puderam reinar em uma tempo onde o homem era menos vulgar, menos pobre de espírito, onde a honra e palavra valiam mais que a morte, onde tudo tinha um brilho valioso, onde as riquezas eram apenas uma consequência da índole, lógico que não estou aqui para dizer que antigamente as pessoas não eram corruptas, mesmo porque infelizmente a corrupção é uma mancha humana que nunca na história será apagada porque faz parte da espécie, só que alguns aprendem melhor a se despojar dela, mas creio sim que em tempos mais remotos as pessoas tendiam a ser melhores de modo geral, antigamente tudo era um pouco mais simples, também mais engessado devido as hierarquias e tudo mais, mas a valorização estava no seu nome, na sua família, clã, casta ou seja lá como quiserem chamar, a sua reputação valia mais que as suas posses, um homem sem honra, mesmo que cheio de ouro, não valia nada para os demais, as pessoas não pagavam o maior pau por qualquer idiota que tinha uma conta gorda, hoje o mundo mudou e ainda muda, pena que para pior, confesso que não me agrada nada a "evolução" em especial a do nosso país, realmente lastimável, o que se pode fazer hoje é tentar interiorizar os valores e viver do modo que você conseguir se encaixar, porque hoje os homens de honra estão feito os nosso dragões, minúsculos e encolhidos, não alçam mais voo, não soltam mais fogo, porque o poder não os pertence mais, o poder agora se concentra nas mãos dos tolos, daqueles miseráveis tolos que não sabem dar a vazão correta para ele e acabam por deteriorar ainda mais aquilo que ainda restou.

Bom minha gente, como sempre eu comecei A, continuei B e terminei C porque eu sou assim mesmo, meio louca, cheia de opiniões que consegue mistificar até o mais bobo conceito, falei de dragões, espero que tenham curtido a minha pequena viagem. 



Luiz Carlos, Luca para os mais chegados, era um cara de 29 anos, alto, olhos escuros, sorriso fácil e cabelos curtos e castanhos, onde sempre passava as mãos, ainda mais quando estava nervoso.

Era sábado a noite, o relógio marcava 23:40 o equipamentos estava montado e o fone de ouvido, estava pendurado no pescoço. Os noivos dançavam uma valsa, que saía das enormes caixas de som sony, equipamento caríssimo, que ele havia importado, há pouco mais de 4 meses.

Luca era famoso por seu trabalho, muito requisitado e sua agenda estava cheia pelos próximos 3 meses. Não era seu primeiro casamento, mas neste ele estava particularmente nervoso, a noiva era sua irmã Gabriela, ela era a caçulinha e ele o mais velho e também o único homem, ainda restavam mais 2 irmãs. 

Ela sorriu para ele, era a deixa, acionou alguns botões e começou a tocar uma música animada, os noivos começaram a chamar os convidados para a pista de dança e ele ficou um pouco mais seguro. A noite começara, agora era apenas ir mixando as músicas, intercalando vários ritmos, para que todos pudessem curtir e se divertir e, também, para que pequenos grupos pudesses descansar, quando tocasse algo que não curtissem tanto. 

Quando conseguiu engatar uma sequência, encontrou a brecha que precisava para beber algo, desceu discretamente e foi até o bar.

- Uma coca-cola por favor. - disse ao garçom, encarregado a servir as bebidas. O rapaz assentiu, pegou uma lata bem gelada e lhe entregou. - Obrigada - agradeceu.

- Hora, vejam se não é o Dj. - uma voz inconfundível disse em tom de zombaria.

- Gabi, deveria estar por ai sendo bombardeada de flashs, é seu casamento! - disse em tom carinhoso para a irmã.

- Eu sei Luca, mas eu estava namorando quando você desceria daquele palco, senti sua falta na igreja. - disse ela denotando um pouco de tristeza na voz.

- Eu sei, mas eu precisava cuidar dos equipamentos. Desculpe maninha. - e estendeu os braços. Ela imediatamente se jogou neles. - Parabéns pelo casório pirralha, eu bagunçaria seu cabelo, mas acho que você me mataria ou eu quebraria minha mão, porque isso está duro como uma rocha!.

- Seu idiota! - disse ela rindo - Obrigada por ser meu Dj, sei que não teria ninguém melhor, para animar a minha festa.

- Imagina, eu fiquei feliz que tenha me convidado. - ele estava sorrindo também. - Opa! Tenho que voltar, a seleção que deixei rolando está no fim. - ele deu um beijo na testa da irmã e voltou para o palco.

Mais algumas músicas tocaram, então resolveu que era a hora de brincar com o coração mole da pequena Gabi.

- Gostaria de chamar os noivos aqui para perto do palco, tenho uma singela homenagem para a nossa doce novinha. - disse no microfone, fazendo a voz ressoar. O cunhado já veio rindo, pois estava a par da brincadeira, enquanto a irmã lhe lançava um olhar acusador tentando entender o que ele estava aprontando.

No telão, onde passavam imagens em neon, surgiu a foto do casal, ao fundo uma música suave começou a tocar, somente um instrumental levinho, a música tocou por alguns minutos até que o show finalmente começasse. De repente tudo ficou escuro e no telão surgiu a imagem de um bebê no colo de um garotinho de uns 11 anos, era uma foto de Gabi no colo de Luca enquanto tocava Espíritos Ancestrais do filme Irmão Urso e dali pra frente toda vida da irmã passou em slides com trilha sonora para cada foto, os mínimos detalhes, o gesso no pé esquerdo aos 8 anos, que ela tinha adquirido enquanto tentava andar com o skate do irmão, ao som de Santo Anjo do The Flander, a sua festa de 15 anos, ao som de Babie Girl de Kelly Key, a primeira balada que foram juntos, onde Luca decidiu que queria ser Dj, ao som de David Guetta, o noivado com Bruno, ao som de A Thousand Years de Christina Perry, ela em um festival com seu grupo de dança, ao som de Chandelier  de Sia, por fim a imagem dela naquele exato momento, vestida de noiva e chorando abraçada com o marido ao som de Photograph de Ed Sherman, por ser a música preferida da irmã e ela chorou ainda mais. 

- Te amo irmãzinha! - Gritou no microfone assim que o refrão começou a tocar e ela correu para o palco para abraçar o irmão e eles dançaram juntos, ela sorrindo e chorando. E ele feliz de ter alegrado a sua pirralha. - Acho que compensei a igreja, não? - sussurrou no ouvido dela.

- Com certeza Luca, você é o melhor irmão do mundo. Amo você! - disse ela.

- Também amo você, quero que me prometa que vai ser feliz e que vai me contar, se o Bruno te magoar para eu bater nele. 

Ela jogou a cabeça para trás e deu uma gargalhada.

- Prometo, valentão. 

Aos poucos a música foi terminando, ela desceu e a festa continuou. 

Ele a viu sair por volta das 3h da manhã para a lua de mel, a música ainda rolou até quase 5h, os convidados se dispersaram e a festa acabou, dever cumprido. 

Luca foi embora com a melhor sensação do mundo, aquele certamente foi o melhor casamento no qual já trabalhou.

música

A frase inspiradora de hoje é esta:

Charles Dickens


Esta é uma frase forte, passível de interpretações diversas, mas hoje eu vou dizer o que esta frase desperta em mim.

Nós temos inúmeros sentimentos da nossa jornada neste mundo, eles se acumulam e se misturam conforme vivemos. Um belo dia, olhamos todas essas nuances e percebemos que elas são como cordas, que quando tocadas criam sons diferentes e nos fazem reagir de formas diferentes, muitas vezes dependendo de onde a corda foi tocada o som fica diferente por entrar em contato com outras cordas próximas causando melodias felizes ou melancólicas.

O problema é que essas cordas estão ali por um motivo, elas são partes de quem você é, partes de quem você se tornou ao longo da vida, o som que sai destas cordas é o som que você aos poucos construiu com aquilo que acumulou.

Muitas destas cordas são necessárias, outras nem tanto e é por isso, que de tempos em tempos devemos tirar um momento para organizá-las, afinar as cordas, para que a melodia que sai delas seja sempre boa, porque essa melodia é a sua trilha sonora e eu tenho certeza de que ninguém vai querer uma música triste ilustrando a sua história.

O que, infelizmente, acontece é que as pessoas tem medo de organizar suas cordas e acabam deixando tudo ali quietinho para não causar danos, do jeito seguro e indolor. 

Lamento informar, mas é simplesmente I-M-P-O-S-S-Í-V-E-L  viver uma vida FELIZ sem ajustar as cordas, nenhum músico faz sucesso com um instrumento desafinado, ninguém é feliz no caos, afinar as cordas é extremamente necessário, você precisa encarar aquelas cordas que não devem ser tocadas, precisa arrancar elas, precisa se desfazer das  cordas arrebentadas. PRECISA disso porque se isso não for feito, as cordas ruins vão danificar as boas, vão macular a melodia e vão fazer a sua trilha sonora tão triste que o seu coração pode não mais suportar.

É de cordas intocadas e emaranhadas que nascem os medos, a depressão, a ansiedade, o desânimo, a dor, o sofrimento e todos os sentimentos ruins, que estas coisas trazem, criam novas cordas podres, iniciando um círculo vicioso.

Vença o ciclo! Mude enquanto ainda resta força, organize suas cordas. Não vai ser fácil, nem confortável, algumas vão ter raízes firmes e  irão doer e sangrar quando forem erradicadas, mas pense assim, você sofrerá, com ou sem as cordas, resta decidir qual o sofrimento mais válido para você, sofrer arrancando os males e lutando por uma música de fundo agradável? Ou sofrer aos poucos com uma música cada vez mais deprimente ao ponto de engolir você de tal forma a nunca mais saber o que é boa música?

Amadurecer dói, muitas curas requerem incisões, muitos males precisam amargar a dor para serem curados então não resolver suas limitações por medo é tolice é como um sapo em uma panela de água que vai esquentando aos poucos, quando o animal se dá conta já é muito tarde. 

Não é tarde para você, ajuste suas cordas e inunde a sua vida com a melhor música que você for capaz de produzir.