Quando era criança, minha mãe me lia várias histórias para eu dormir, uma mais fantástica e maravilhosa que a outra, ao som da voz de minha mãe, eu fui a diversos lugares diferentes, conheci Peter Pan, João e o pé de Feijão, O Mágico de Oz, A Polegarzinha, Os três porquinhos, Chapeuzinho Vermelho e tantos outros personagens interessantes, tantas histórias cativantes.

Quando cresci, as aventuras cresceram comigo, lembro de ter aprendido a ler aos 5 anos e minha mãe me comprava pequenos livrinhos, cheios de apoio visual, e eu ia lendo junto com ela, tirando as minhas dúvidas e aprendendo várias palavras novas. 

Aos poucos, os apoios visuais foram diminuindo, até que finalmente cheguei no primeiro livro totalmente sem figuras. Aquela foi uma experiência única para mim, aprendi a usar, de forma muito mais ampla, a minha imaginação, comecei a montar os rostos dos personagens dentro da minha mente e a vê-los interpretando as cenas do livro, como se fosse um filme.

Desde aquela época, eu soube que seria um apaixonada por livros por toda a minha vida e assim foi. 

Um dia no entanto, surgiu uma oportunidade de trabalho, a biblioteca da universidade estava contratando, me candidatei e consegui a vaga! Agora sou um bibliotecário, já trabalho há um longo tempo com isso, é tanto amor envolvido, eu ganho a vida organizando, catalogando e preservando livros, nas horas vagas, obviamente eu leio, a biblioteca é gigante e há tantos títulos incríveis aqui.

Eu, como todo bom leitor e bibliotecário vivo indicando obras para todo mundo. Vou colocar aqui alguns livros e autores memoráveis, para que vocês possam conhecer, todos eles eu li aqui da biblioteca.

Para começar, recomendo o grande mestre e também, meu autor favorito, Stephen King. O primeiro livro que li dele, foi O Pistoleiro da série A Torre Negra, o que me cativou nele foi a apresentação, em que King fala com você como se fosse um velho amigo, esse livro no entanto não me marcou tanto, mas como um primeiro contato eu gostei bastante. O segundo dele que li foi A Maldição do Cigano, esse livro foi devorado em menos de uma semana, achei maravilhoso e ali sim me apaixonei pela escrita do autor. Depois desse li O Iluminado, esse foi angustiante, tinha uma tensão que perdurou o livro inteiro e me fez querer ler página pós página, em ritmo frenético. Depois desse veio Doutor Sono e posso confessar? É meu livro favorito do King! Li no fim do ano, Tripulação de Esqueletos, com 22 contos arrepiantes, um mais interessante que o outro e já penso em ler outros títulos.

Para os românticos de plantão, aqueles cheios de histórias inspiradoras e amores cheios de desafios, recomendo Nicholas Sparks, li dele Um amor para recordar e Querido John, ambos livros lindos que já possuem filme e tudo, só é necessário uma caixa de lencinhos para acompanhar.

Uma autora de romances extremamente dramáticos é Danielle Steel, ela tem uma escrita incrível e seus personagens sofrem bastante, obviamente, você se debulha em lágrimas quase o tempo todo, mas vale a pena para quem gosta de sentir uma tremenda empatia com os personagens. Dela recomendo O Preço do AmorUm longo caminho para casaO Brilho da Estrela e Pôr-do-Sol em Saint Tropez.

Agora se você é apaixonado por romances, mas prefere os menos tristes e dramáticos, pode amar Nora Roberts, seus romances são mais leves e mais divertidos, desta autora recomendo Doce VingançaPaixão Obscura e o box do Quarteto das Noivas (Álbum de CasamentoMar de RosasBem-casados e Felizes para Sempre).

Se for fã de fantasia pode se aventurar nos universos de J. R. R. Tolkien que conta com inúmeros livros maravilhosos. Pode ser um bruxo com J. K. Rowling e a Saga Harry Potter. Viajar para Nárnia com C. S Lewis, Ir para Westeros com George R.R. Martin ou mergulhar no mar de livros inspirados em história de verdade com Bernard Cornwell

Há ainda alguns nomes Nacionais como Eduardo SpohrLeonel Caldela e Raphael Montes.

Se gosta de histórias de vampiros não pode deixar de conhecer  Lestat e as incríveis Crônicas Vampirescas de Anne Rice.

Agora se sua paixão são mistérios, recomento Dan Brown com obras cheias de referências reais, simbologia e ciência.


Poderia mencionar ainda tantos outros livros e autores cativantes, mas pararei por aqui.
Espero que gostem, das minhas indicações e se acaso precisar, estarei pronto a ajudar você a encontrar um livro que te faça viajar para lugares maravilhosos.



Dia dos Pais

Dizem que quando nasce um bebê, nasce uma mãe, mas o que muita gente se esquece, é que nesse dia, nasce também um pai. 
Meu nome é Matias, e eu tinha 35 anos quando meu filho nasceu. Foi uma semana antes do Natal, no dia 18 de dezembro eu conheci o Gustavo, meu filho, pesando 3,250 Kg medindo 54 centímetros, de olhos azuis e cabelo castanho, ali, eu percebi que o mundo tinha mudado drasticamente para mim.
Mas, vamos começar do começo, porque história não é história sem contexto.
Como disse, me chamo Matias. Conheci minha esposa na faculdade, ela cursava arquitetura e eu engenharia, uma amiga dela, que namorava um amigo meu, nos apresentou, começamos a sair, gostamos um do outro, namoramos e tudo fluiu até nos casarmos 4 anos depois. Eu já tinha 25 anos e ela 23, ambos formados e trabalhando, compramos um apartamento, mobiliamos e fomos viver a nova fase felizes. 
Decidimos curtir a vida de casados por no mínimo 5 anos, até pensarmos em ter filhos e mantivemos o plano. 
Quando decidimos que era a hora, batemos um papo e ela parou com o anticoncepcional, foi dada a largada, agora era só esperar a natureza seguir seu curso, mas parece que a natureza resolveu nos sacanear.
Elaine não conseguia engravidar, começou a ficar triste, comia pouco, lia muito, até que um belo dia não quis sair da cama, chorava muito e estava em estado lastimável. A depressão levou minha esposa, tentante há 3 anos, vendo as amigas de barrigão e as pessoas cobrando nosso bebê de bochechas rosadas, como se ter filhos fosse simples. Acho, de verdade, que as pessoas pensam que os casais vão até uma loja, compram um bebê e a dona cegonha trás ele depois de 9 meses, pendurado em uma fralda e deixa na nossa porta, como um presente. Ironias à parte, foi uma fase bem séria, quase a perdi, ela se afundou em uma depressão terrível devido, única e exclusivamente, a pressão que a sociedade colocava nela, eu queria ter filhos, mas o mundo não era assim cruel comigo, aliás acho que a coisa mais cruel que ouvi foi que, se Elaine estava "estragada" eu deveria arrumar uma mulher que pudesse me "dar" filhos, sim, eu nunca tinha notado o quão doentia soa essa expressão, "te dar um filho", como se ela tivesse uma obrigação moral para comigo. 
Enfim, resumindo a história, peguei minha esposa, levei ao psicólogo e ao psiquiatra, no começo ela não queria ir, não admitia a depressão e achava que a cura era ser mãe, mas isso não era a cura, isso era a consequência da cura, que ela entendeu só depois de quase 6 meses de terapia, quando a venda do "se você não ficar bem, não vai conseguir ser mãe" finalmente começou a fazer sentido para ela. (Eu dizia isso pra ela todos os dias, mas foi a Dra. Guerra que fez a ideia germinar em sua cabeça, o importante foi que entrou, não me importo com a fonte).
Então, quando ela estava se sentindo melhor, tomei outra atitude crucial, mudei de estado com ela. No começo ela reclamou muito, mas a empresa que eu trabalhava tinha uma filial pedi transferência, ela precisava sair daquele lugar cheio de gente toxica, que ficava envenenando ela, fazendo ela se sentir uma incapaz e destruindo a auto estima dela, exaltando a maternidade, esse processo durou pouco mais de um ano.
Até que eu acordei uma manhã e ela está se sentindo mal, ficou na cama aquele dia, eu cuidei da casa para ela descansar, mas a indisposição voltou no dia seguinte e isso durou uma semana, então ela resolveu ir ao médico e ele mandou ela fazer uma bateria de exames rotineiros, para ver como andava a saúde dela, mas eu, sempre muito desligado, dei a primeira bola dentro da minha vida! Comprei um teste de farmácia e usei a coleta de urina dela para fazer o teste, enquanto ela estava fazendo o café.
Deu positivo! Elaine estava grávida! Guardei o teste, joguei a urina fora e disse que bati sem querer e derramei a coleta, então na volta do trabalho, comprei uma caixinha, coloquei um body amarelo escrito "sou da mamãe" junto com o teste e dei de presente a ela no jantar, ela chorou feito uma criança, que ganhou o que sonhava na manhã de natal e acho essa analogia perfeita, porque ele nasceu uma semana antes do natal, chorei também, confesso.
Fiz ela guardar segredo, até passar o primeiro trimestre, não queria todo aquele veneno consumindo ela, já logo no começo da gravidez, de tanto insistir ela prometeu que faria acompanhamento, além da obstetra, também com uma nutricionista e uma psicóloga, não quis dar sorte pro azar, ser mãe deve ser uma barra e as pessoas cruéis como são, poderiam fazer dessa experiência maravilhosa para ela, um pesadelo.
Esperávamos ele para no máximo a primeira semana de Janeiro, mas ele nasceu no dia 18 de dezembro, apressadinho!
Eu participei de tudo, as consultas, ultrassons e o parto, apavorado, nervoso por ela, não vou dizer que trocaria de lugar com ela, porque eu sou um frouxo pra dor, certamente não aguentaria e admiro cada mulher nesse mundo, que aguenta um parto, porque não é a lindeza que as pessoas pintam não.
Quando eu o vi, pensei que estava assistindo um daqueles filmes, parecia mentira, era meu filho ali, pequenininho, sujo de sangue, chorando a plenos pulmões e como já mencionei, o mundo mudou drasticamente naquela hora, cortei o cordão e dei o primeiro banho, aquelas coisas de pai, pra eles sentirem que foram importantes de alguma forma, no fundo eu sabia que eu não estava fazendo nada perto do que ela tinha feito, ri sozinho pensando na expressão idiota, de que a mulher "nos dá filhos", elas não nos dão nada, se formos contar o  esforço emprenhado por ambas as partes, o filho é muito mais dela do que meu.
A enfermeira permitiu que eu levasse ele no colo para o quarto, Elaine chorou olhando pra ele enquanto mamava, eu também, ter o Gustava ali conosco era uma vitória, contra a depressão, contra a opressão, contra um mundo inteiro que quase a matou, contra tudo e, em pouco tempo de vida, ele se tornou a coisa mais importante do mundo pra mim, alguém por quem eu morreria e para nós homens, essa é uma frase tosca, porque são as nossas mulheres que, literalmente, quase morrem pra trazê-los ao mundo. 
Naquele quarto de hospital, olhando minha esposa amamentar meu filho, eu fiquei feliz, por ter ela, por ver ela feliz, por ver meu garoto forte e saudável e por saber, que quando ele completasse sua primeira semana de vida, seria natal e que pro resto da vida, eu teria que arcar com dois presentes! Brincadeirinha, quer dizer, eu pensei isso, mas foi apenas uma piada.
Ela recebeu alta da maternidade no dia 20, cancelamos a viagem para o natal, meus pais e os dela não conseguiram vir e eu bloqueei, todas as visitas de "amigas", até ele ter pelo menos um mês, pode parecer drástico, mas eu vi minha irmã reclamar, do quanto as visitas eram inconvenientes, querendo pegar no colo, dar beijinhos e uma infinidade de "conselhos", completamente desnecessários, mas correu tudo bem.
Eu fui o pai mais presente que conseguia ser, trocava as fraldas, dava banho e tentava revesar com ela as madrugadas insones, porque ela estava bem esgotada, ser mãe não é brincadeira gente, ser pai é muito mais fácil, cuecada de plantão, valorizem as mães que vocês tem em casa, as mulheres são uns belos de uns tanques de guerra, caramba, trocando umas fraldas e acordando algumas vezes na madrugada já estava me deixando esgotado, imagina dar de mamar de 3 em 3 horas...
Meu filho cresceu fortão, lindão e falou mamãe primeiro, incentivei ele a isso, porque ela merecia o mérito.
Eu não consigo descrever o amor que eu sinto pelo meu filho, ele é o centro, não faço nada sem pensar nele, no que ele pensaria do pai dele tomando certas atitudes, dizendo certas coisas, me preocupo em ser o espelho dele, porque afinal eu sou a primeira referência masculina que ele vai ter e é no meu comportamento, que ele vai se apoiar para crescer, então é responsabilidade minha, ensinar como ser um cara de bom caráter e a respeitar as pessoas, ensinar a ele que o papai pode ser um herói, mas a mamãe é que tem os super poderes, ensinar a ele os valores e entender que nem tudo nesse mundo está certo.
No fim das contas é visceral o vínculo de pai e filho, tão forte como o de uma mãe, mas muito diferente, porque faz parte da vida e pai e mãe tem papéis diferentes, são figuras diferentes e possuem espaços distintos, mas ambos importantes. Talvez ser pai, para o mundo, não seja grande coisa, não temos as cobranças que as mulheres tem, não se vê homens dizendo por aí quão mágico é ser pai, porque socialmente falando isso é uma "boiolice" e tem muito macho alfa, homem com "H" maiúsculo, que vai ler esse meu relato e dizer que eu sou um babaca, não me surpreende.
Eu sou um pai, um orgulhoso pai, de um garoto de 3 anos incrível, que todos os dias me instiga a ser um cara melhor.
Se você que está lendo isso for homem e me achar um babaca, saiba que o babaca é você, agora se você se identificou, saiba que estamos juntos nessa amigo. Se no entanto você for uma mulher e mãe, sinta-se aplaudida porque se existe um teste de resistência nesse mundo, é esse, e você passou com louvores e estrelinhas. Por fim, se você é uma tentante frustrada, pare de se cobrar tanto, relaxe e não deixe o mundo te engolir em neuras e frustrações!

É isso gente, desculpe se me estendi, fiquem bem.



Dia do Escritor

Escrever é uma arte. Cada um tem um processo diferente, técnicas diferentes que fazem a escrita fluir.

Cada um tem seu meio de jorrar suas histórias pelas mãos, de fazer despejar nas palavras aquilo com a qual sua mente está cheia e isso  é o sentido da escrita, fazer do mundo uma tela e tecer nela suas próprias realidades, imprimir cenários, pessoas e histórias. Mostrar para quem lê partes do mundo que habita em você.

Ser escritor é ser um tipo de deus no seu próprio mundo, criar e modificar as coisas, ditar as regras e os destinos dos seus personagens, mudar os rumos, destruir coisas, tentar corrigir erros e ensinar lições.

É incrível saber que esse poder está disponível a meros mortais como nós, fazer as pessoas rirem e chorarem, fazer com que o leitor ame e odeie, manipular as reações, fazer com que ele se choque, que pense e que reflita.

Escrever te faz invencível e ao mesmo tempo frágil, faz você querer provar coisas quem nem foram questionadas, te torna um ser vaidoso querendo ver o mundo conhecendo seu poder. E as vezes esse poder é o melhor que você tem dentro de si para compartilhar.

No entanto apesar dos louros não é fácil escrever. Enfrentar o mundo real é penoso. Sempre terá quem irá odiar o seu trabalho, ou odiar o personagem que você criou para ser amado e ele é o seu bebê! Essa é a parte difícil, aceitar que depois que você despeja seu mundo para fora ele não pertence mais a você e sim aos que irão ler, esse mundo passa a ser um bem comum, patrimônio seu que outros irão perdurar e cabe ao mundo decidir quanto irá durar.

Porém, se você fizer um bom trabalho, isso vai acontecer, as pessoas vão ler e disseminar, vão fazer valer o seu esforço, vão enaltecer e compartilhar os seus pensamentos e você viverá eternamente, porque o bom escritor é aquele que viveu uma boa vida e nela proporcionou aos outros partes de suas lembranças, seus medos e seu amor.

Então escreva, hoje e sempre, vão te amar e te odiar e se te odiarem pelos motivos certos saiba que isso também é sinal de sucesso. Bote tudo para fora, se os mundos surgiram em sua cabeça é porque você é a porta que irá tornar esse mundo real e como escritores somos os guardiões desta porta e nosso trabalho é apresentar ao mundo essas diferentes realidades.

Então escreva! E esteja pronto para arcar com todos os pós e contas desse árduo trabalho.

Feliz dia do escritor!


Tecendo destino

dia do amigo
 
Quando a gente nasce, acho que uma estrelinha brilha lá no céu, e te segue por toda a sua vida, cuidando de você e fazendo o mundo parecer um lugar maravilhoso de se viver. O que quase ninguém sabe, é que, as vezes, a estrela vem para a terra para cuidar de você mais de pertinho...

Era o primeiro dia de aula na 3ª série, eu estava nervosa, meus pais tinham acabado de se mudar para aquela cidade e eu não conhecia ninguém na escola nova. Eu cheguei na sala meio amuada, que nem um bichinho assustado e me sentei em um cantinho, no qual achei que ninguém me notaria, mas a Srta, Jones me chamou e me apresentou para a classe:

- Esta é Bianca, sua nova coleguinha. - disse animadamente, a todos aqueles rostos desinteressados. Senti o rosto em fogo, de tanta vergonha, mas fazer o que não é mesmo?

Depois disso, eu sei que a turma inteira resolveu me ignorar, no fundo isso foi bom, eu não queria ser vista mesmo. 

Após quase uma semana eu o conheci, ele era um menino de cabelo escuro, tinha os olhos cor de mel e usava uma camiseta verde com uma estampa do Hulk, estava sentado em um dos balanços do parquinho, seus olhos estavam avermelhados e inchados, como se tivesse chorado recentemente.

Cheguei perto e perguntei, porque ele parecia tão triste, ele me respondeu o seguinte:

- As crianças estavam zombando da minha mãe, porque ela não tem cabelos... - ele realmente estava chateado - ela tem uma doença e seus cabelos não crescem, por isso ela é careca, mas eles são muito cruéis.

Eu o entendi, sabia como as crianças podiam ser cruéis.

Eu perguntei então, se podia sentar perto dele e ele disse que sim, então sentei e começamos a conversar, o nome dele era Nicholas e ele era muito legal.

Depois daquele dia, a gente sempre ficava um tempão conversando, sempre nos demos bem e ele sempre estava comigo, com o passar do tempo conheci a família dele e ele a minha, nos tornamos grandes amigos, sempre juntos, inseparáveis.

Acho que um logo tempo se passou, uns 20 anos se eu não me enganei com as contas, depois de um tempo, parei de contar na verdade.

Sexta é aniversário dele e eu preciso comprar um presente, mas sempre fico em dúvida, o que dar a um nerd cheio de manias, que já tem de tudo? Camisetas, canecas e objetos decorativos é o que não faltam, ele coleciona muitas coisas, então eu sempre sofro pra achar algo novo que ele ainda não viu.

Andei meio shopping e não achei nada, até que eu olhei uma vitrine e encontrei o presente perfeito, entrei e comprei de impulso, mas deixei para embrulhar em casa. 

Peguei a caixinha e pensei um pouco, era muito legal, mas na hora eu não tinha entendido o significado. Ele poderia bem interpretar errado...

Depois de alguns minutos, eu percebi que, na verdade, eu queria que ele entendesse assim, seria legal e, bem, seria uma coisa natural, caso ele não entendesse desse modo, também não seria um problema. 

Com a questão resolvida, embrulhei o presente e esperei o aniversário dele chegar.

Ele sempre fazia um bolo e nós sempre saíamos pra comer pizza, era a nossa tradição de aniversário.

Depois que comemos a nossa pizza, resolvemos caminhar, a pizzaria ficava perto de uma praça bem bacana e fomos para lá. 

Finalmente achei que era hora de entregar o presente. 

Ele abriu um largo sorriso ao pegar a caixinha, e começou a abrir, estávamos sentados em um banquinho longe de tudo, quando ele finalmente chegou ao presente, parou como se algo o tivesse atingido em cheio, meio boquiaberto olhou para mim e disse:

- Bia, eu... Acho que não entendi bem... - baixou os olhos embaraçado, ele sempre ficava muito engraçado quando estava sem graça.

- Acho que entendeu sim Nick, só não quer acreditar. - disse sorrindo para ele.

Ele olhou a para o presente de novo, um par de colares da princesa Leia e do Han Solo com a sua frase mais famosa.

- Eu te amo Nick. - Disse recitando a frase escrita no colar.

- Eu sei - respondeu ele - Agora eu sei Bia... - disse quase em um sussurro,
Nos olhamos longamente e nos beijamos.

Ali começou a nova fase das nossas vidas, namorados/melhores amigos e só posso dizer uma coisa, nunca me arrependi desse presente!


gratidão


Por infinitas fases ruins, por infinitos medos, por infinitas superações... Por tudo nesta vida, cada mísero pedacinho de vida, cada acontecimento, cada piscar de olhos, cada pequena coisa que nos cerca, faz de nós quem somos, sem cada uma dessas pequenas coisas nós teríamos rumos diferentes, vertentes que nos levariam, quem sabe, a outro lugar. Cada uma das nossas decisões tem um preço, cada escolha, nos encaminha para a próxima banca de sugestões e em cada nova banca, existem alternativas para escolhermos e seguirmos adiante. 

Pensando por esse ângulo, nem tudo é assim tão ruim, o tombo de hoje é a cicatriz de amanhã e essa cicatriz nos lembra, que devemos cuidar com os lugares onde pisamos, isso torna a vida mais verdadeira, perfeição é chata e monótona, enjoativa e até mesmo aprisionadora, nos limita e faz com que sintamos medo de viver, medo de seguir.

Tem momentos, que fazemos tantas objeções a nossa própria felicidade, que as oportunidades passam e não aproveitamos nada. Sei bem como é difícil, olhar para situações ruins e encontrar o lado positivo, mas ele está lá, de alguma forma, se olhar direito e do ângulo certo, estará lá esperando como uma dádiva, para tornar aquela situação mais amena, menos triste e ameaçadora.

Com o tempo, eu aprendi que gratidão tem mais a ver com perspectiva, do que com coisas que acontecem propriamente ditas. Quem nunca ouviu alguma história, que começou de forma ruim, mas que, se essa tal coisa ruim, não tivesse ocorrido, a infinidade de coisas boas que vieram depois, também não teria acontecido? Essas histórias, estão em toda parte e tenho certeza que, você mesmo, tem muitas delas para contar, então levante a cabeça, sorria e seja grato pela sua vida. porque ela é sua e de mais ninguém e se você não a valorizar, passará por ela em lamentos. com apenas lágrimas nos olhos e se arrependerá, em algum ponto do caminho, por não ter aproveitado melhor ela, por não ter sorrido mais e chorado menos.

Seja grato!


Chave

A chave é uma peça simbólica, que simboliza segredo, privacidade, proteção, entendimento e muitas vezes até confiança. Acho belos conceitos e gostaria de falar mais sobre esse objeto tão comum.

A chave é como uma senha, só quem pode acessar o que está guardado por uma chave é o portador ou alguém que foi digno de confiança para receber uma cópia.

Pensando agora na vida, você tem seus pensamentos, medos, encanações e várias vulnerabilidades que você guarda dentro de si, essas coisas são particulares, são seus "segredos" aquelas coisas que as pessoas podem usar para te ferir e magoar, então de um modo geral você coloca estas coisas em uma caixa ou atras de uma porta metaforicamente e usa uma chave para que só você tenha acesso. 

Conforme você vive, vai confiando em algumas pessoas e dando acesso a sua chave, deixando que veja o "compartimento dos segredos", mas nem sempre estamos certos em relação as pessoas da nossa confiança e elas acabam usando aquelas coisas para nos magoar, espalham para outras pessoas e em alguns casos podem até fazer uma cópia não autorizada da chave para dar a pessoas que podem machucar você. É por isso que proteger a chave é tão primordial para as pessoas.

A questão é que, por conta dessas decepções, a reação pode ser um instinto exacerbado de proteção. Você começa a criar chaves, para abrir coisas menores que se bem preservadas dão novas chaves para as zonas mais profundas e deixando o acesso ao seu eu interior ser cada vez mais dificultoso e burocrático.

Ai então é que vem o problema, esse exagero de proteção afasta as pessoas, faz com que você se torne um robozinho distante e enigmático. As pessoas começam a te enxergar como inacessível, difícil e os mais desencanados tendem a desistir fácil de você e até mesmo você tende a ter mais e mais dificuldades de se conectar com a sua essência e se perde no meio do molho de chaves, sem saber mais a ordem porque afinal de contas, são muitas chaves.

Eu entendo que a coisa mais importante para tudo na vida é o equilíbrio. É ter suas camadas seguras e sua acessibilidade aos demais facilitada na medida do possível. Na vida não se pode ser um livro aberto, porque dá margem de que todos tem o direito de escrever sua história, mas também não precisa ser uma prisão de segurança máxima onde nada entra e os seus sentimentos sufocam. Precisa haver um meio termo.

Não dá para viver uma vida segura e feliz, porque em muitos momentos você vai ter que se arriscar, as vezes vai valer a pena e em outras não. Quem não dá nada não recebe nada, a vida é um mercado de trocas, você dá e recebe, as vezes não na mesma proporção porque nem todas as pessoas são justas em  suas trocas e tudo bem se dar mal as vezes, você irá compensar em outras oportunidades, não generalize, não crie barreiras desnecessárias nem seja acessível demais. Pessoas gostam de pessoas que gostam de si mesmas, as vezes o mundo não vai avaliar você pelos seus erros ou acertos, mas pela forma que você se comporta nas situações.

Então a dica é: 
Cuidado com as chaves, elas podem ser úteis, mas podem te isolar também, use com sabedoria.

Ah e não se preocupe em ser sábio logo de cara, essa característica você adquire ao longo da vida. É uma das poucas coisas que não se pode ensinar, frutifica sozinho e em cada um se manifesta de um modo, não se esforce demais buscando, porque forçar a busca da sabedoria é, sem dúvida alguma, a coisa menos sábia que alguém pode fazer.

Justiça cósmica

Marcela acabava de se formar na faculdade, morava em uma cidade grande estava solteira e sempre buscava viver a sua vida da maneira mais leve possível, sendo gentil com todos, fazendo coisas boas pelas pessoas, sorrindo e  tentando contagiar os outros a sua volta. 

Ela era uma pessoa inofensiva, quem a conhecia sabia de seu enorme coração, sua empatia e seu alto astral, mas nem tudo eram flores, uma moça que trabalhava com Marcela não achava a moça assim tão maravilhosa, seu nome era Leona. Elas tinham a mesma idade e exerciam a mesma função, mas ao passo que Marcela era sempre muito elogiada, Leona achava que os seus próprios esforços eram turvados pela "perfeitinha", como costumava chamar a colega de trabalho.

Leona era uma pessoa que fazia o possível para se destacar, ela sempre tentava ter atitudes chamativas, tinha um instagram de causas sociais onde mostrava diariamente fotos dando comida a mendigos, acariciando animais de rua, fazendo textos super fofos elogiando suas "amigas", o que o mundo chamaria de uma pessoa social, uma pessoa boa que ajuda os outros. Porém após cada clique o que ela realmente esperava era um reconhecimento, um "olha que coisa incrível você fez aqui", mas esses elogios muitas vezes não vinham e ela se lamentava, achando que o mundo não a enxergava.

Seu momento ápice foi em um dia de festa da empresa, todos os funcionários estavam reunidos em um restaurante para comemorar uma meta batida, quando o gerente se levanta, bate com o garfo em uma taça para chamar a atenção de todos e começa a discursar sobre uma grade mudança que está para acontecer.

- Caros amigos, hoje eu tenho a honra de informar a todos que nossa empresa está em um momento de crescimento, sendo assim, vem mudanças bem significativas por aí! - todos em volta estavam sorrindo e ansiosos. - Estamos abrindo uma nova filial no Sul para abranger mais mercado e para isso, precisamos pensar em como gerenciar este projeto da melhor maneira possível. Chegamos então a conclusão de que eu, Anderson, serei o responsável por toda essa estruturação. Vou me mudar para outro estado, mas vou tranquilo sabendo que aqui tudo ficará bem, porque eu tenho certeza que fizemos uma excelente escolha ao promover a Marcela para o cargo de Gerente da empresa.

O queixo de Leona caiu, estava indignada, quase ultrajada, Marcela entrou na empresa apenas um ano depois dela, elas exerciam a mesma função, então porque Marcela estava sendo promovida a gerente e não ela? Ela havia se esforçado mais, se dedicado mais, engolido mais sapos e sido mais puxa saco dos chefes, então por que não haviam promovido ela?

Enquanto todos congratulavam Marcela pela promoção, Leona pensava em um modo de fazer todos enxergarem o quanto Marcela era falsa, ela não era de papear muito com as pessoas, nem demonstrava qualquer tipo de posicionamento em relação as causas sociais que era uma das principais preocupações da empresa. Lenona faria a máscara de boazinha cair, estava determinada!

Ela começou o plano de boicote no dia seguinte, plantando a discórdia no escritório, falou com algumas meninas no almoço, plantou suas dúvidas e deixou que o boato frutificasse. Ninguém sabe nada sobre a Marcela, ninguém vê ela nas redes sociais, não tem namorado e não fala de seus posicionamentos políticos e sociais entre  outras coisas eram as dúvidas que começaram a permear os corredores.

Podia se notar o clima mudando, as pessoas ficando confusas, tentando refutar estas questões, mas sabendo tão pouco da colega que não conseguiam manter um argumento por muito tempo. Leona começou a sentir o jogo virar, estava feliz, ia trabalhar mais arrumada, levava pequenos presentinhos para os amigos que compartilhavam os boatos de Marcela e começou a se sentir cada dia mais confiante, sempre fazendo um bom trabalho e esfregando na cara de quem quisesse (ou não) ouvir o quanto era bondosa.

Havia se passado um mês da promoção de Marcela quando o telefone da mesa de Leona tocou.

- Leona, bom dia? - disse ela ao atender.

- Oi Leona, aqui é o Anderson, estou na empresa hoje e gostaria de falar com você, consegue subir em alguns minutos até a sala de reuniões por favor?.

- Claro! Já estou indo aí! - ela colocou o telefone no gancho e se esforçou para não executar uma pequena dancinha da vitória. Estava acontecendo! Anderson notou que fez uma escolha ruim e queria lhe propor a promoção de Marcela antes destituí-la do cargo. Já que estava claro que toda a equipe estava desconfiada do ar de boa moça da garota.

Chegando a sala de reuniões, ela entrou com um vasto sorriso.

- Oi Anderson, tudo bom?

- Oi Leona, tudo certo por favor, sente-se.

Ela obedeceu.

- Bom. - começou a falar Anderson. - Como sabe tem mais ou menos um mês que a Marcela foi promovida. - Leona concordou com a cabeça. - Pois bem, ela está tendo um pouco de dificuldade por conta de algumas dúvidas que o pessoal está levantando a respeito dela, dúvidas estas que chegaram até mim.

- Ah sei do que está falando, já ouvi algumas coisas a respeito. - Disse ela com uma expressão preocupada. - Já sabe o que pretende fazer a respeito? Acho que um líder que não inspira a confiança da equipe pode ser muito problemático para a empresa.

- Realmente, a perda da confiança é complicado. - Disse ele. - Sabe, eu tenho uma opinião formada a esse respeito. Sabe o que um bom jardineiro faz com as ervas daninhas?

- Poda?

- Exato! Não há como manter uma erva daninha, elas são difíceis de controlar e não trazem absolutamente nenhum benefício para o jardim e é assim que eu vejo funcionários nos quais eu não posso confiar.

- Perfeito! Concordo plenamente! - ela quase bateu palmas o que teria denunciado sua empolgação em saber que Marcela seria demitida.

- Ótimo! Assim fica muito mais fácil eu te dizer que a partir desta data você está sendo desligada da empresa. - disse Anderson.

O choque chegou a expressão de Leona em câmera lenta.

- Perdão?

- Você ouviu, nós estamos desligando você da empresa.

- Por quê?

- Porque você Leona, é uma erva daninha, Desde que entrou aqui sempre se comportou de forma muito ruim, sempre foi grosseira com seus colegas, não é gentil com ninguém, exagera nos seus cafézinhos durante o expediente, vive apontando os erros dos outros e justificando muitos dos seus, como resultado da incompetência dos colegas. Também sei que você plantou os boatos internos que fazem a Marcela ter tantos problemas em sua gestão.

- Não são boatos! Ela é uma metida! Ela entrou aqui depois de mim, eu dei duro para ser promovida, eu dei duro para ser vista, eu me esforcei! - Esbravejou.

- Então. Primeiro, você se preocupa sobre como a Marcela é fora daqui, já que você não faz nenhum segredo do quanto você é generosa, mas sabe o que importa para mim como empresário? O comportamento que você exerce dentro da empresa. Quando eu precisei de um gerente para a empresa eu pensei em você, mas notei que você não dá bom dia para as pessoas, não troca seu horário de café porque um amigo está muito apurado com o trabalho e precisa tirar o intervalo mais cedo, você não recoloca as folhas na impressora quando o papel acaba, enfim, você apresenta uma infinidade de comportamentos bastante egoístas na sua rotina e um gerente a meu ver precisa ser parceiro dos colegas, não pode se comportar como se fosse melhor do que ninguém, precisa ter empatia com a equipe, entender os outros e se importar com eles, porque uma equipe sem motivação não rende. Marcela só está tendo problemas porque você com sua inveja e seu egoísmo resolveram pensar apenas em si e não na empresa como um todo. Eu mantive você até agora porque você exerce seu trabalho bem, mas não tem sido assim no último mês, tenho percebido, mesmo de longe, que você se dedica apenas a apontar os erros da Marcela e dos demais. Você parou de produzir, parou de cumprir as suas obrigações para boicotar os demais e isso eu não vou admitir! - Ele pontuou batendo com o indicador enfaticamente na mesa. - Ali fora tem um segurança, ele acompanhará você até o seu armário e a sua mesa para que possa recolher os seus pertences, depois ele irá com você até a saída, assim que tudo estiver pronto para a sua rescisão o RH irá ligar para você e acertar tudo. Seja muito feliz na sua vida e espero que aprenda a ser uma pessoa melhor no futuro, pode ir.

Lorena se levantou com uma expressão de raiva.

- Escute aqui... - Mas foi bruscamente interrompida por Anderson.

- Escute aqui você! Eu não estou te dando espaço para réplicas, eu não vou tolerar uma menina mimada e birrenta, você esteve na empresa por 5 anos e em todo esse tempo fez apenas o seu trabalho, puxou o saco da diretoria e puxou o tapete e de todo mundo aqui, então não, eu não quero suas justificativas, eu dei corda e você se enforcou com ela, agora saia ou prefere que eu peça para o segurança vir até aqui para tirá-la na base da força? - Ela o olhou com todo ódio que estava sentindo, empinou o nariz e saiu com altivez.

Nos dias que se passaram ela recebeu mensagens de colegas perguntando se ela estava bem e ela fez questão de ser grosseira com todos. Chamou cada um de falso e disse que não queria peninha da ralé.

O clima no escritório ficou melhor, Marcela conseguiu se apresentar como a boa líder que era sem todos os boatos e interferências de Lorena e tudo fluiu.

Lorena acabou tendo que voltar para a casa dos pais, porque não conseguia um emprego a sua altura e não aceitava se rebaixar a cargos menores, nada a fez aprender, nada mudou ela apenas se tornou mais amarga.

Tripulação de Esqueletos - Stephen King


Olá pessoal! Hoje tem resenha de um livro do meu autor favorito, Stephen King, eu morro de amores pelos livros dele e a cada nova experiência eu me apaixono ainda mais.

O autor é conhecido por seus incríveis livros de terror e suspense, sendo um dos mais adaptados para o cinema e TV.

Enfim depois da tietagem desta babona que vos escreve, eis que vamos entrar no tema do post de hoje. Tripulação de esqueletos é um compilado de 22 contos de terror que conta com os mais variados segmentos, tendo enredos envolvendo fantasmas, bruxas, seres mitológicos, brinquedos assassinos, monstros, viagens no tempo, canibalismo, viagens espaciais e até mesmo a psicopatia.

Os contos deste livro são inacreditavelmente envolventes e muitíssimo críveis em alguns pontos. 

Com este livro é possível observar o quanto King é versátil em sua escrita, ele não é considerado um gênio do gênero sem motivo plausível, ele é realmente um escritor de respeito. A minuciosidade e detalhismo da história é tão perfeita que você sente que ele não criou aquelas histórias e sim, de alguma forma, elas são reais, ele traz contos em narrativa na terceira pessoa como em O Macaco e A excursão e em primeira pessoa, tanto em forma de diários como em O Nevoeiro e Sobrevivente, quanto em forma de narrativa em primeira pessoa como em O atalho da Sra. Todd e A balada do projétil flexível. 

As narrativas trazem muita informação dos personagens e suas trajetórias, ele inclui pequenas memórias ao longo da narrativa, como se o personagem realmente estivesse se lembrando de fatos de sua vida em determinados pontos, como ocorre naturalmente com o ser humano quando se depara com algumas situações. 

Apesar das histórias serem fantásticas, com enredos irreais toda a construção do universo em volta é muito "mundano" ele faz personagens humanos, com toda a carga emocional, os dilemas morais, as deturpações psicológicas e os instintos básicos, como o de sobreviver. O autor, torna os personagens verossímeis e profundamente empáticos, sendo até brutal de tanta realidade. Pequenas coisas como o pensamento de aproveitar que uma amigo morre para fugir e salvar a própria pele, matar para promover a ordem e até mesmo comer carne crua e partes do próprio corpo para sobreviver. 

Isso torna a experiência tão impressionante, é você ver retratado nas páginas pessoas "de verdade" e não personagens feitos por um critério moral que te separam da realidade, porque quando você lê percebe que algumas características de personalidade são demasiadas falsas e "projetadas" pelo autor, mas King te apresenta pessoas "cruas" como eu e você, com sérias pressões psicológicas que tomam decisões movidos por instintos, terror, covardia e coragem.

Cada conto te dá uma perspectiva diferente, temos pessoas atormentadas por coisas ruins que fizeram, curiosidade e inconsequência que levam a situações extremas, pessoas que entram em choque ao se deparar com situações extremas, medo e até mesmo algumas fugas mentais como quando você tenta enganar sua mente com alguma fantasia para não focar na situação ruim e entra em estado de paranoia, há personagens psicopatas, aqueles que sonham em matar de forma despreocupada e que em um dado momento simplesmente desligam ou entram em uma espécie de transe perpetrando crimes de maneira brutal.

De um modo geral eu diria que os livros do King são para quem tem estômago, e a mente no lugar, suas descrições de pensamentos humanos, situações e cenas são bastante realistas e podem incomodar os leitores mais sensíveis. O terror do King, não é daqueles em que você tem que sair a noite acendendo as luzes, com medo dos espíritos e fantasmas virem te pegar, o terror do King é a empatia que você sente com os personagens, é temer por eles, praticamente ouvir seus gritos e sofrer com eles dentro de suas mentes.

Por fim, quero destacar uma característica do autor que eu, particularmente, admiro muito que a sua pessoalidade com o leitor. King costuma trazer introduções em seus livros que te puxam para o mundo dele, neste ele até faz um convite: "Agarre meu braço agora. Agarre com força. Iremos a vários lugares escuros, mas acho que conheço o caminho. É só não largar meu braço. E, se por acaso, receber um beijo meu no escuro, não dê muita importância; é porque o amo. E agora, ouça:" e deste ponto o livro parte para seu primeiro conto O Nevoeiro totalmente em primeira pessoa. 

Além desta apresentação, Tripulação de Esqueletos conta com algumas notas ao final em que Stephen King fala novamente com seu leitor de forma pessoal, contando de onde tirou as inspirações dos contos, de onde surgiram as ideias, como elas ocorreram e até mesmo em quem ele se inspirou para criar alguns personagens, é absurda empatia que isso traz, é como se depois de toda a viagem partes das páginas sejam transportadas para a realidade, dando uma sensação de "Nossa! Isso aconteceu de verdade, sem todo aquele terror, mas aconteceu mesmo!" e essa, minha gente é uma sensação incrível.

Não falei das histórias em si, porque eu acho que não saber o que esperar na próxima página torna a leitura mais especial, ver o título e ficar tentando imaginar onde vai dar e as páginas irem pouco a pouco te envolvendo tornam a sua experiência mais imersiva ainda, por isso, não busque sinopses dos contos, segure o braço do autor como como ele convida na introdução e siga com ele, adentrando os lugares escuros.

Dragões

A proposta de hoje é pegar algum elemento e criar um conceito a partir dele, gosto de fazer isso sempre para que eu consiga escrever sobre os mais variados assuntos e sempre manter a criatividade ativa. 

Como podem ver pelo título, a temática é Dragões!

Para começo de conversa, como quem me conhece já poderia supor eu vou começar com um conceito, tirado de um dicionário que diz o seguinte:

s.m. Nome dado aos mais terríveis monstros do mundo antigo. Embora os dragões na realidade não existissem, a maioria das pessoas acreditava neles. Eram enormes serpentes que vomitavam fogo, com asas semelhantes às de um grande morcego, e eram capazes de engolir navios e homens de um só trago. Os mapas antigos representam as partes desconhecidas do mundo como a morada dessas criaturas mitológicas. Os dragões da lenda se assemelhavam muito aos grandes répteis que habitaram a Terra muito antes do aparecimento do homem.
Sim, acho este um dos melhores conceitos que encontrei, genérico, não muito tendencioso e interessante, com este conceito podemos perceber que dragões são seres mitológicos que habitam centenas de histórias e culturas, podemos notar também que suas influências podem ser vistas até hoje do quão presentes os dragões estão em nossa cultura, porque consumimos muito este ser mitológico em muitas áreas, games, filmes, camisetas, tatuagens e mais diversos artefatos que levam os escamosos.

Eu sempre achei os dragões dignos de respeito, acho que eles representam o infinito, são a margem do bem e o mal, pois dominam o caos, sim porque o poder nada mais é que caos, se você possui poder pode facilmente destruir coisas e relações, se não tivesse essa possibilidade não seria poder não é mesmo? Ótimo, voltando aos dragões... Na maioria das culturas os dragões costumam representar a face austera, o rei, a divindade, a coragem e a lealdade, datam lendas milenares que dragões são extremamente fiéis que o coração de um dragão é digno e honrado, geralmente está entalhado em artefatos que simbolizam justamente isso, a honra e lealdade, a coragem e a aristocracia. 

Acho esses seres poderosos e acho também que se existissem de verdade nos tempos atuais seriam completamente desmerecidos de suas honrarias, seriam apenas atrações bizarras de circos itinerantes, ou enormes aberrações de parques temáticos. Julgo os dragões luxuosos demais para nossa decrépita sociedade, desprovida de valores coerentes e relevantes, seria uma lástima macular tamanha grandeza com seres tão medíocres, na antiguidade se dragões um dia existiram, puderam reinar em uma tempo onde o homem era menos vulgar, menos pobre de espírito, onde a honra e palavra valiam mais que a morte, onde tudo tinha um brilho valioso, onde as riquezas eram apenas uma consequência da índole, lógico que não estou aqui para dizer que antigamente as pessoas não eram corruptas, mesmo porque infelizmente a corrupção é uma mancha humana que nunca na história será apagada porque faz parte da espécie, só que alguns aprendem melhor a se despojar dela, mas creio sim que em tempos mais remotos as pessoas tendiam a ser melhores de modo geral, antigamente tudo era um pouco mais simples, também mais engessado devido as hierarquias e tudo mais, mas a valorização estava no seu nome, na sua família, clã, casta ou seja lá como quiserem chamar, a sua reputação valia mais que as suas posses, um homem sem honra, mesmo que cheio de ouro, não valia nada para os demais, as pessoas não pagavam o maior pau por qualquer idiota que tinha uma conta gorda, hoje o mundo mudou e ainda muda, pena que para pior, confesso que não me agrada nada a "evolução" em especial a do nosso país, realmente lastimável, o que se pode fazer hoje é tentar interiorizar os valores e viver do modo que você conseguir se encaixar, porque hoje os homens de honra estão feito os nosso dragões, minúsculos e encolhidos, não alçam mais voo, não soltam mais fogo, porque o poder não os pertence mais, o poder agora se concentra nas mãos dos tolos, daqueles miseráveis tolos que não sabem dar a vazão correta para ele e acabam por deteriorar ainda mais aquilo que ainda restou.

Bom minha gente, como sempre eu comecei A, continuei B e terminei C porque eu sou assim mesmo, meio louca, cheia de opiniões que consegue mistificar até o mais bobo conceito, falei de dragões, espero que tenham curtido a minha pequena viagem. 



Luiz Carlos, Luca para os mais chegados, era um cara de 29 anos, alto, olhos escuros, sorriso fácil e cabelos curtos e castanhos, onde sempre passava as mãos, ainda mais quando estava nervoso.

Era sábado a noite, o relógio marcava 23:40 o equipamentos estava montado e o fone de ouvido, estava pendurado no pescoço. Os noivos dançavam uma valsa, que saía das enormes caixas de som sony, equipamento caríssimo, que ele havia importado, há pouco mais de 4 meses.

Luca era famoso por seu trabalho, muito requisitado e sua agenda estava cheia pelos próximos 3 meses. Não era seu primeiro casamento, mas neste ele estava particularmente nervoso, a noiva era sua irmã Gabriela, ela era a caçulinha e ele o mais velho e também o único homem, ainda restavam mais 2 irmãs. 

Ela sorriu para ele, era a deixa, acionou alguns botões e começou a tocar uma música animada, os noivos começaram a chamar os convidados para a pista de dança e ele ficou um pouco mais seguro. A noite começara, agora era apenas ir mixando as músicas, intercalando vários ritmos, para que todos pudessem curtir e se divertir e, também, para que pequenos grupos pudesses descansar, quando tocasse algo que não curtissem tanto. 

Quando conseguiu engatar uma sequência, encontrou a brecha que precisava para beber algo, desceu discretamente e foi até o bar.

- Uma coca-cola por favor. - disse ao garçom, encarregado a servir as bebidas. O rapaz assentiu, pegou uma lata bem gelada e lhe entregou. - Obrigada - agradeceu.

- Hora, vejam se não é o Dj. - uma voz inconfundível disse em tom de zombaria.

- Gabi, deveria estar por ai sendo bombardeada de flashs, é seu casamento! - disse em tom carinhoso para a irmã.

- Eu sei Luca, mas eu estava namorando quando você desceria daquele palco, senti sua falta na igreja. - disse ela denotando um pouco de tristeza na voz.

- Eu sei, mas eu precisava cuidar dos equipamentos. Desculpe maninha. - e estendeu os braços. Ela imediatamente se jogou neles. - Parabéns pelo casório pirralha, eu bagunçaria seu cabelo, mas acho que você me mataria ou eu quebraria minha mão, porque isso está duro como uma rocha!.

- Seu idiota! - disse ela rindo - Obrigada por ser meu Dj, sei que não teria ninguém melhor, para animar a minha festa.

- Imagina, eu fiquei feliz que tenha me convidado. - ele estava sorrindo também. - Opa! Tenho que voltar, a seleção que deixei rolando está no fim. - ele deu um beijo na testa da irmã e voltou para o palco.

Mais algumas músicas tocaram, então resolveu que era a hora de brincar com o coração mole da pequena Gabi.

- Gostaria de chamar os noivos aqui para perto do palco, tenho uma singela homenagem para a nossa doce novinha. - disse no microfone, fazendo a voz ressoar. O cunhado já veio rindo, pois estava a par da brincadeira, enquanto a irmã lhe lançava um olhar acusador tentando entender o que ele estava aprontando.

No telão, onde passavam imagens em neon, surgiu a foto do casal, ao fundo uma música suave começou a tocar, somente um instrumental levinho, a música tocou por alguns minutos até que o show finalmente começasse. De repente tudo ficou escuro e no telão surgiu a imagem de um bebê no colo de um garotinho de uns 11 anos, era uma foto de Gabi no colo de Luca enquanto tocava Espíritos Ancestrais do filme Irmão Urso e dali pra frente toda vida da irmã passou em slides com trilha sonora para cada foto, os mínimos detalhes, o gesso no pé esquerdo aos 8 anos, que ela tinha adquirido enquanto tentava andar com o skate do irmão, ao som de Santo Anjo do The Flander, a sua festa de 15 anos, ao som de Babie Girl de Kelly Key, a primeira balada que foram juntos, onde Luca decidiu que queria ser Dj, ao som de David Guetta, o noivado com Bruno, ao som de A Thousand Years de Christina Perry, ela em um festival com seu grupo de dança, ao som de Chandelier  de Sia, por fim a imagem dela naquele exato momento, vestida de noiva e chorando abraçada com o marido ao som de Photograph de Ed Sherman, por ser a música preferida da irmã e ela chorou ainda mais. 

- Te amo irmãzinha! - Gritou no microfone assim que o refrão começou a tocar e ela correu para o palco para abraçar o irmão e eles dançaram juntos, ela sorrindo e chorando. E ele feliz de ter alegrado a sua pirralha. - Acho que compensei a igreja, não? - sussurrou no ouvido dela.

- Com certeza Luca, você é o melhor irmão do mundo. Amo você! - disse ela.

- Também amo você, quero que me prometa que vai ser feliz e que vai me contar, se o Bruno te magoar para eu bater nele. 

Ela jogou a cabeça para trás e deu uma gargalhada.

- Prometo, valentão. 

Aos poucos a música foi terminando, ela desceu e a festa continuou. 

Ele a viu sair por volta das 3h da manhã para a lua de mel, a música ainda rolou até quase 5h, os convidados se dispersaram e a festa acabou, dever cumprido. 

Luca foi embora com a melhor sensação do mundo, aquele certamente foi o melhor casamento no qual já trabalhou.