Por um pouco de simplicidade

Queria eu que o mundo fosse um lugar melhor, sem tanta dor e sofrimento, mesquinharias e falta de amor.

Com uma dose de simplicidade as coisas poderiam tomar um rumo melhor, quem sabe assim prevalecesse a beleza verdadeira, ao invés das máscaras que estamos habituados a ver.

Abraços seriam fonte de energias renovadas, não haveria essa falsidade mascarando as relações e o amor seria puro e limpo, possibilitando que todos o pudessem viver plenamente.

Como o mundo seria muito melhor com um pouco menos, estamos habituados a grandeza e pequenez  nos é estranha e monótona. 

Buscamos muitas vezes o fútil, o irreal e perdemos a vida toda em busca de um sonho plantado, uma mentira velada que todos sabemos ser irreal, mas mesmo assim não paramos de acreditar nela, com medo de sermos abandonados num canto qualquer desprovidos da popularidade comum das pessoas felizes.

Escondemos nossos sentimentos, mascaramos as coisas e fingimos dia após dia que o mundo é um bom lugar para se viver, mas no fundo não vivemos, sobrevivemos, a cada uma das provações e imposições que nos são colocadas.

Todos os dias somos bombardeados, todos nos dizem quem somos e o que devemos fazer, até o ponto em que nos olhamos no espelho e sentimos que não mais conhecemos a pessoa refletida ali, o corte de cabelo, a maquiagem, as roupas, nada é de verdade, tudo é um embuste social, uma ilusão e dia após dia vivemos dessa ilusão, nos alimentamos dela, nos envenenamos e saímos pelas ruas transmitindo o veneno para todos.

Não é errado dizer que somos farsas, mesmo em nossos íntimos somos um eco da nossa essência, por tantas vezes cortamos nossas próprias asas, que hoje desacreditamos totalmente que podemos voar.

Mentimos sobre tudo e o tempo todo, desde o "bom dia no trabalho", do "está tudo bem" para os amigos, ou o "não é nada" quando choramos, tudo isso somos nós mentindo para o mundo, mentindo para nós mesmos e fingindo.

Nesse mundo somos atores, fantoches, os grandiosos dominam, ditam e escolhem tudo e na simplicidade, que era onde deveria morar a nossa liberdade, o nosso poder de escolha e a nossa força de vontade não há nada, foi dominado, humilhado, ensinado infinitas vezes que era errado e assim ficou.

Poucos acordam do sono, do medo velado de assumir quem é, da responsabilidade de remar contra a maré, de buscar seu lugar, de conquistar, não o mundo, mas o seu espaço nele. 

A liberdade é bem de poucos, enquanto o medo é o bem de quase todos, está errado, muita gente vê, mas ainda muito há para ser mudado.

Abrace a si mesmo, aprenda a amar quem é, seguir seu próprio rumo, faça-se de surdo se preciso for, não admita ditames nem reprimendas por assumir sua personalidade e viver de bem com ela, não aceite que ninguém te diga o que fazer ou como deve ser, seja aquilo que quiser, ouse!

Talvez no início seja difícil, complicado e penoso, mas assim como por anos o mundo te repreendeu, por anos é você que deve repreendê-lo, não como uma vingança, mas como um exercício para aprender a soltar sua voz e dizer as palavras que achar convenientes. 

Se jogue de cabeça, não tema errar, faz parte de aprender tombar algumas vezes, apenas aceite como um rito de passagem e siga em frente.

Seja você... Por um pouco mais de simplicidade nesse mundo, por favor.
Força

Acabou...

A força infinita se foi, e eu busco encontrar um modo de viver um dia de cada vez, sem nenhum rumo, esperança ou projeto.

Se foram os dias em que ponderava as coisas com antecedência, programava e tentava controlar tudo, agora sou como um carro desgovernado sem conseguir conter os impulsos.

Não mais penso nas coisas, não sofro mais pensando no amanhã, não sofro nem com o agora, sou apenas uma casca vazia transitando sem rumo.

Eis que surge em minha frente algo especial, quero segurar, recomeçar, fazer planos, mas perdi o controle, não consigo mais controlar quem sou, apática e sem vida eu sou um eco gritando no vazio cheio de medo sem conseguir alcançar as rédeas. 

Mas preciso vencer a letargia, preciso reviver, sair do escuro e arriscar a dor que a claridade trará, busco a força, lá no íntimo no fundo, em todas as caixas, cada cantinho sequer, busco como se a vida dependesse disso e ao pensar com maior profundidade vejo que realmente depende.

Reviro a alma, rebusco tudo, refaço passos, tento me lembrar onde foi parar, onde buscar e nada vem, o vazio está me consumindo, não há tempo...

Olho e vejo uma mão, esta estendida para mim e posso ver que ao final alguém me olha, sinto como se algo finalmente se movesse em mim, a pessoa me sorri e eu entendo finalmente, a força não está em lugar nenhum, sou eu que a faço usando como combustível o que há de melhor em mim.

O sorriso me fez entender que felicidade se constrói, não se compra nem se guarda para depois, busco agora não mais a força, mas sim os ingredientes que a compõem, esperança, simplicidade, alegria, sonhos, amor, amizade, carinho, compreensão, paz e amor próprio.

Aos poucos eu sinto o movimento voltando, a força se formando e me tomando por completo, o sorriso fica mais largo e eu vou finalmente saindo da letargia, agora as coisas são claras e bonitas, eu tenho forças para mudar as coisas, eu posso ir além!

De repente uma frase me vem a mente uma frase há muito esquecida...



Força

Fonte das imagens 

Tecendo destino

Ela correu pela floresta, o capuz de veludo verde escuro da capa, encobrindo seu rosto enquanto esvoaçava junto com o vestido em tom parecido. 

Em meio as árvores, ela era quase imperceptível, como uma sombra, parecia um eco das folhas das árvores espalhadas ao seu redor.

Ela corria em um ritmo frenético e compassado, enquanto ouvia os mais diversos sons, as águas do rio próximo, sons de animais, seus passos compassados amassando as folhas secas de outono que caíram das árvores, mas ela só tinha ouvidos aguçados ao som dos cavalos.

Os corcéis negros de de lorde Gabriel Gordon e seu irmão Patrick eram fortes e velozes, eles ainda não tinham avistado ela, mas se a vissem ela jamais conseguiria fugir deles.

O medo dela era quase palpável e apertava como uma mão envolvendo seu coração, se eles a encontrassem seria o fim, iriam torturá-la até conseguirem o que desejavam e ela não estava nem um pouco tentada a lhes dar o que queriam, encontrou uma clareira, isso era péssimo, sem árvores para envolvê-la era impossível se valer da camuflagem das vestes.

Largou a caneta sobre o caderno, parecia promissor, eis que mais uma vez a escrita fluiu feito água.

Passou alguns minutos olhando para o papel, incrível como se sentia poderosa quando escrevia, como era interessante criar, como era avassaladora a sensação de dar vida a uma história, montar uma trama, sentir o que os personagens sentem, ouvir suas vozes na cabeça. 

Quantas vezes ela se sentou para escrever, para se livrar das vozes vorazes dos personagens, clamando por serem escritas. Quantas vezes, começou a escrever algo e no decorrer das linhas, a escrita tomou seu próprio rumo, como se parte da sua consciência simplesmente desligasse e ela perdia totalmente o controle da caneta, as palavras fluíam como um jorro e quando revisava, encontrava algo que simplesmente não sabia dizer de onde havia surgido, as vezes a história de amor se tornava trágica, em outras o final previsível se transformava em algo totalmente inesperado. 

Tinha perdido a conta, de quantas vezes teve que descarregar a mente no papel, apenas para poder dormir, ler ou fazer alguma atividade normal, quantas vezes se pegou falado feito uma louca pela casa, se sentindo tola quando alguém a surpreendia fazendo isso.

Se pudesse mostrar sua mente, nesse exato momento, o que as pessoas veriam era a mulher ruiva correndo na floresta com sua capa e vestido verdes, seus perseguidores em corcéis negros, montados com austeridade em busca da mulher, querendo a todo custo capturá-la, questioná-la. Patrick com seus olhos escuros e expressão grosseira, escondendo no fundo o fascínio que a sentia por ela, o quanto era apaixonado por ela, mas era a seu irmão Gabriel que ela estava prometida, sua cunhada por aliança, a mulher com quem ele sonhava, com seus cabelos cor de fogo, seus olhos claros e tempestuosos, seus lábios carnudos que sonhava um dia tocar com os seus, a pele clara e acetinada que sonhava um dia tocar com delicadeza, a voz incrivelmente linda, pronunciando seu nome apaixonadamente. Era nisso que ele pensaria enquanto o irmão que a teria um dia, a desprezava, sonhava em vê-la morta, em cortar sua pele suave, ver o sangue escorrer por ela, repuxar seus lindos cabelos ruivos enquanto a via sofrer. Patrick o odiava, por ele ser um maldito psicopata grosseiro, por estar empreendendo essa caçada, querendo machucá-la, atravessar as costas dela com uma flecha para não ter de deitar-se com ela, para não sujar seus lençóis com aquela "vadia ruiva", como Gabriel costumava chamá-la.

Ela poderia contar de forma narrativa a seu leitor essas coisas, poderia desenvolver tantas outras, infinitas eram suas possibilidades, poderia fazer Patrick salvar a moça, matar o irmão e ajudá-la a fugir, poderia fazer ela ser pega e morta e explorar o sofrimento da perda. Poderia criar diálogos, poderia fazer com que ela conseguisse escapar, poderia dar poderes mágicos a ela, poderia inserir um herói que a protegesse, ou dar a ela uma espada para que matasse Gabriel, Patrick ou ambos, poderia fazer ela se apaixonar por Patrick ou que ela o odiasse mais que a Gabriel, tornando o amor dele apenas platônico e impossível, poderia criar tantas coisas em volta de uma simples premissa. 

Era uma mulher correndo em uma floresta, sendo perseguida por dois homens, era uma coisa simples, mas que poderia se tornar tão complexa com o desenvolvimento. 

Poderia dar profundidade a eles, poderia dar a eles um espaço, contar suas histórias e entrelaçá-las como uma Moira grega que tece o destino.

As possibilidades eram muitas, ela poderia fazer o que bem quisesse, em seu mundo ela era a rainha, era ela que determinava tudo, o poder estava em suas mão, em sua caneta e no doce movimento do punho, quem a olhasse de longe escrevendo veria apenas uma mulher normal, em seu jeans velho, sua blusa confortável, as pernas entrelaçadas sob a mesa, com uma expressão de pura concentração, desferindo no papel rabiscos, tal qual seu personagem desferia golpes de espada, com movimentos leves e fluídos, tal qual a capa da mulher ruiva enquanto corria, poderia imaginar diversos finais, dar ao leitor diversas pistas e por fim surpreendê-lo, partindo seu coração ou o enchendo de alegria. 

Era esse poder que a fazia escrever sempre, que a impulsionava a continuar, os cometários dos leitores, dizendo o quanto gostaram ou o quanto se envolveram com aquilo, seu coração criativo se alimentava disso, sua essência era escrever e enquanto pudesse, enquanto houvesse algo fervilhando, pedindo para se tornar real em seu mundo, ela escreveria e se orgulharia de seu poder, de seu grande amor, de poder dar vida as coisas e dar boas histórias para o mundo.


George Owell



Laila e Willy

Willy tinha 25 anos, vinha de uma família nobre da cidade onde morava, foi criado com todas as regalias possíveis tinha tudo e nunca precisou se esforçar para comprar sequer uma bala. O famoso playboy, tinha um belo carro financiado pelo pai um apartamento na esquina da universidade onde fazia medicina, era o 4° curso que ele experimentava pois nunca se habituava, neste por acaso estava indo bem, tinha tudo pra se tornar um bom médico, queria ser cirurgião plástico e era um rapaz empenhado apesar de seu curso ser pago integralmente pelo pai. Frequentava as melhores festas, tinha os amigos mais influentes, dava suas próprias festas quando bem entendia, tinha várias garotas aos seus pés, mas no final das contas ele só tinha olhos para uma em especial...

Laila era bolsista na faculdade de medicina, ia para as aulas de ônibus, trabalhava de secretária numa clínica médica, ganhava um salário tosco que não rendia nem para os materiais da faculdade. As vezes antes de dormir chorava sozinha, sua mãe falecera quando era criança e seu pai era alcoólatra desde então, seus irmãos sustentavam a casa e a ajudavam no que era preciso para ela ir bem nos estudo, era a única garota dentre os outros 4 irmão Mauricio, Elton, Luis e Felipe e a caçula também. Tinha uma vida bastante sofrida, mas seus irmão ajudavam no que podiam. Seu pai era um homem moribundo sempre bêbado, nunca bateu nos filhos, mas vivia sempre depressivo, os irmãos de Laila diziam que antes da mãe morrer ele era alegre e bondoso, mas isso fora há muitos anos e Laila não se lembrava mais dessa época.

Willy tentava chamar a atenção de Laila de todas as formas que lhe vinha a mente, comprava presentes caros, que ela aceitara por educação apenas. Laila via em Willy coisas que a incomodavam profundamente, ele achava que o dinheiro podia comprar qualquer coisa, que era a solução para todos os problemas, andava desfilando com o seu carro caro e suas roupas de grife, dava festas imensas em boates renomadas a única coisa que a intrigava era o fato dele sempre tentar chamar a sua atenção. Ela usava roupas humildes, nada de marcas famosas, e as poucas que tinha eram ganhadas de segunda mão. Ela não conseguia entender como um cara rico como Willy se esforçava tanto para chamar a atenção de uma garota como ela. 

Ele sempre convidava ela para suas festas e ela sempre muito evasiva não ia, ele pensava que era porque ela não gostava dele, ela não ia porque não se sentia a vontade em lugares lotados e barulhentos. De tanto Willy convidá-la ela achou indelicadeza e resolveu ir só que comentou com ele que não tinha como chegar até o local, ele então se predispôs a buscá-la em casa.

Quando ele estacionou na frente da casa dela ficou um tanto chocado, a casa tinha uma aparência horrível, a pintura estava descascada, uma das janelas estava com o vidro rachado colado apenas com durex vagabundo, as portas estavam lascadas e o quintal pequeno e malcuidado. O choque se dissipou quando ela saiu pela porta com  um vestido preto básico, era bonita demais para aquela paisagem.

Ele a levou para a festa, a música estava alta as pessoas com copos nas mãos contendo a maior variedade de bebidas que Laila já vira. Ela dançou um tanto sem jeito com ele, bebeu um copo de refrigerante que ele lhe trouxera e sentou na mesa enquanto ele, na qualidade de anfitrião, foi checar se as pessoas estavam se divertindo.

Chegou então uma garota, ela não era da faculdade parecia mais uma modelo de capas de revista fashion internacional, era bonita e estava com um copo de vinho nas mãos e se vestia com o que há de mais caro no mercado. A moça sentou perto dela e perguntou:

 - Quanto Willy está pagando pra você?

 - Perdão? - disse Laila ofendida com a pergunta.

 - Ora você só pode estar sendo bem paga para entrar numa festa como essa com estes trapos!

Laila ficou chocada com a afirmação dela, nunca fora tão ofendida na vida. Levantou-se e saiu. Notou que as outras garotas a olhavam com cara de nojo, provavelmente pelo mesmo motivo. Sem poder conter a sensação de humilhação as lágrimas finalmente assomaram seus olhos e ela não conseguiu mais ver por onde estava indo até esbarrar em alguém.

 - Laila? Laila, fale comigo o que aconteceu? - era Willy que a segurava pelos ombros.

 - Eu quero ir embora daqui... - implorou ela entre as lágrimas. 

 - O que aconteceu? 

 - Nada só quero ir, por favor... Me deixe sair daqui... - e ela desabou em lágrimas. 

Sentiu que ele a abraçava e a sensação foi no mínimo estranha, ele afagou seus cabelos e depois a conduziu até a saída e foi em direção ao seu carro.

 - Não Willy, você não precisa me levar eu posso pegar um ônibus para casa.

 - Nesse estado de nervos? Jamais vou deixar você andando sozinha a essa hora da noite. Eu levo você até sua casa, a unica condição é que eu possa entrar e você me conte porque está chorando.

 - Hora imagine não é nada...

 - Laila, por favor eu quero saber, mas quero que você esteja mais calma, portanto entre no carro. 

Ela obedeceu e em pouco tempo estavam na frente do portão da casa dela, ela com toda a vergonha do mundo o convidou para entrar, seus irmãos estavam vendo TV na sala e olharam para o "almofadinha" com cara de espanto, mas Laila apenas acenou com a cabeça e eles ficaram tranquilos pois ela era muito sensata.

Ela levou Willy até seu quarto, era minúsculo menor que o banheiro da suite dele foi a comparação mental que ele fez para o espaço, mas era limpo e bem organizado.

Ela contou a ele o episódio da festa e ele ficou furioso. Ela disse que não tinha importância, mas mesmo assim ele ficou bravo com o tratamento que deram a ela na festa. 

Ele a abraçou novamente e mais uma vez ela sentiu aquela sensação estranha, depois ele olhou em seus olhos e sorriu sem jeito e ela retribuiu, em seguida ele aproximou-se dela novamente e a beijou de leve, a sensação foi ainda mais estranha para ela, não tinha certeza de como reagir, ele acariciou seu rosto, depois secou uma ultima lágrima que havia restado e disse:

 - Você não tem ideia do quanto eu sou apaixonado por você. 

Ela o olhou espantada com a afirmação dele.

- Desculpe por hoje, eu sei que você não é rica, mas eu queria que você fosse a uma das minhas festas, isso não vai mais se repetir, prometo. - e mais uma vez acariciou o rosto assustado.

Ele ficou mais alguns minutos em silêncio apenas fazendo carinho nos cabelos dela até que decidiu que era hora de ir, se despediu dela no portão, mais uma vez beijou-a, entrou no carro e se foi. 

Naquela noite deitado em sua King size em seu apartamento Willy prometeu a si mesmo que redimiria isso e que faria dela sua namorada para provar a todos aqueles esnobes que ela era muito melhor que  todas aquelas garotas fúteis que ele estava cansado de ver pelo caminho.

Enquanto isso em seu quarto na casa humilde, Laila pegava no sono ainda com a sensação dos lábios de Willy tocando os seus.

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Liberdade

Existe um ditado que diz que devemos deixar aquilo que amamos livre, se voltar é porque conquistamos, se não voltar é porque nunca nos pertenceu.

As vezes é bom aplicar essa analogia na vida, olhar para o que você tem e pensar se tudo isso realmente pertence a você, se deixar livre vai permanecer ou você não liberta apenas por saber que nunca retornará? No fundo sempre sabemos.

Fidelidade, respeito e amor não se impõem, são conquistados com as nossas atitudes e comportamentos, não vamos ganhar confiança ameaçando os outros e não teremos nada no fim das contas.

Se você olha para a vida e encontra solidão e abandono é porque falhou em conquistar aquilo que desejava. Não vai adiantar culpar o mundo por isso, apenas colhemos os frutos daquilo que semeamos, se você se sente só hoje, é porque você plantou isso, você regou isso e foi isso que você colheu.

Se você não tem uma namorada, se seus filhos não te ligam mais, se seu marido te abandonou, se os seus amigos não querem mais sair com você é porque VOCÊ tomou atitudes que te levaram até aí, assuma a responsabilidade das coisas que você mesmo faz, olhe para a vida e enxergue que há momentos que a culpa é sua.

Talvez o que motivou isso não tenha sido atitudes ruins da sua parte, as vezes foi apenas omissão, timidez ou bloqueios internos seus, talvez você não se culpe porque você tem problemas para lidar com seus sentimentos e com os de outras pessoas, mas a pergunta nessa hora é: 

DE QUEM É A RESPONSABILIDADE PELOS SEUS PROBLEMAS?

  • É do seu marido que muitas vezes te procura para pedir ajuda ou para conversar e você está sempre ocupada?
  • É dos seus filhos, que já tem vida própria e muitas vezes não podem dispor de todo o tempo necessário para suprir as suas carências?,
  • É dos seus amigos, que precisam ouvir todas as suas lamúrias e desabafos e nunca te encontram bem ou com um bom astral?
  • É da menina de quem você está a fim, mas é inseguro e tímido para dizer a ela que está interessado?

Tem certeza que a culpa é de todas essas pessoas? Se você tem um problema, lide com ele, seja como for, as pessoas que estão ao seu redor podem te apoiar sim, algumas vão te abandonar e isso não faz delas pessoas ruins, só demonstra que elas possuem LIBERDADE para fazer suas escolhas, se alguém decidir se afastar de você é porque de alguma forma essa pessoa exerceu o seu direito de se relacionar com quem quiser, então deixe ir, amargue a perda, erga a cabeça e siga em frente porque as pessoas não nos pertencem, suas vidas e almas são pessoais e elas compartilham suas presenças na vida de quem ELAS desejarem.

Nada disso te faz certo ou errado, apenas aprenda a enxergar os motivos por detrás das decisões, aceite e abrace que você não controla quem está a sua volta, então siga seu caminho, cure suas mágoas e tente ser para as outras pessoas alguém agradável, alguém com quem você gostaria de conviver, alguém por quem valha a pena se esforçar.


Eco de vida
Talvez o suicídio possa ser prevenido, se demonstrarmos constantemente que nos importamos com as pessoas, as vezes um sorriso e um olhar mais aprofundado podem salvar os corações machucados que fingem estar bem. Fica o texto como reflexão e por fim uma pergunta, quantas pessoas que você conhece que talvez se sentem como a Michele, sofrendo cada dia e fingindo estar bem? Pode ser a moça que senta perto de você na faculdade, a sua colega de trabalho, sua vizinha ou a moça que senta ao seu lado no ônibus. 

Eis que surge mais um dia 8, cada um destes dias era uma facada dolorosa em seu coração magoado. Michele perdera tudo neste dia há 4 anos, perdera aquilo que mais amava. Ela havia aprendido a viver, a levantar-se da cama pela manhã vestir sua máscara de sorrisos falsos e passar horas a fio fingindo que o mundo girava do jeito certo.

Ninguém nunca a via chorar, nem reclamar, ninguém nunca vira as manchas das lágrimas no travesseiro e talvez ninguém nunca visse na verdade. Ela era um eco de alegria com o coração dilacerado por não poder mudar as coisa.

Era dia 8 novamente, 4 anos de dor, lágrimas e solidão. As coisas dele ainda estavam guardadas do jeitinho que ele havia deixado naquele dia em que saiu para uma viagem de duas horas e nunca mais voltou, sempre lembraria de seu rosto seu sorriso e de todas as lembranças maravilhosas, ele era tudo que ela tinha, era seu maior incentivador, seu melhor amigo e a única pessoa que ela tinha no mundo. E agora ela não tinha mais nada...

As lágrimas afloraram mais fácil, eram 7h da manhã seu café estava salgado de chorar, ela o via em toda parte e se lembrava daquele horrendo telefonema em que lhe disseram que ele estava morto, lembrava daquele dia como um pesadelo do qual nunca poderia acordar. O caixão, o rosto sereno e ela achando que morrera junto, como viver depois daquele dia? Como dormir e acordar? Estar viva era quase uma ofensa para ela, se pudesse teria trocado com ele, mas não podia e na verdade não trocaria, jamais faria ele sentir aquela dor.

Ela se trocou, vestiu o primeiro jeans que encontrou uma blusa básica, fez uma maquiagem caprichada e saiu com uma expressão impassível para o trabalho. Naquele dia ela estava tão morta quanto ele, mas ainda respirava, sorria e atendia ao telefone calorosa, as pessoas não sabiam de nada, tinha acontecido há tanto tempo que ninguém se lembraria. 

No fim do dia voltou para casa, tirou a roupa e ficou uma hora embaixo do chuveiro, deixando a água carregar tudo, mas aquilo nunca sairia dela... Já havia feito terapia, tinha conseguido vestir a máscara desde então, conseguia conviver com as pessoas e se esforçava, mas hoje era dia 8 e hoje ela era aquele resto jogado no sofá, usava um hobe dele, ainda tinha cheiro de loção pós barba. 

Ele sempre lhe faria falta e ela sempre viveria aquele dia com a mesma sensação de vazio. E isso pela primeira vez lhe pareceu correto, a dor se tornou uma amiga que ela acolhia de bom grado... Achou seu jeito de honrar a memória dele, de amargar a saudade, nem todas as lágrimas do mundo o trariam de volta, ela sempre o amaria e dia 8 sempre desejaria estar com ele e não sentir mais dor...

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Que  presentes  você tem  aceitado?

A vida é um monte de oportunidades, cabe a cada um olhar para elas e aproveitar. As vezes pode ser que você não veja ou que por algum motivo a perca, mas existe um segredo, você tem o poder de criar as oportunidades, com a sua garra e persistência você pode criar seu caminho. A floresta está aí para todos, cabe a cada um desbravar. Muitos vão esperar cair do céu, vão aguardar ansiosamente aquela chance de se alavancar e quando ela surgir por si só, vão tentar aproveitar, mas correm o risco de não conseguir se agarrar com força suficiente e cair no meio do percurso, se ralar a se frustra e até mesmo acreditar que "não era pra ser", mas era, o fato de você não estar forte ou pronto não determina se era ou não para ser, tenha em mente que o destino é traçado por forças maiores, mas é moldado pela sua força interior, você é o fator reagente, o seu destino é apenas a matéria comum, a reação que você terá irá depender do material do qual você é feito, irá depender das fibras que existem em você e estas você molda como quiser.

Pense em uma oportunidade como um presente, um presente que o você do futuro deu a você, pense que se você aceitar ele será seu, mas se você não conservar você o perde e o você do futuro também perderá. Pense que a vida é isso, um emaranhado de presentes seus que você irá escolher, se forem bons você vai poder ficar com eles e precisar cuidar, se forem ruins eles tem o mesmo poder. O problema do mundo é que aceitamos muitos presentes ruins, quantas vezes a gente acumula presentes ruins e fica se sentindo mal, porque a vida é sempre engraçadinha de mandar mais e mais presentes ruins? Quantas vezes acumulamos esses presentes e eles nos definem tanto que vivemos numa pilha de lixo colecionada ao longo do tempo, com empregos ruins, frustrações, dores, sofrimentos, relacionamentos abusivos e tantas outras coisas que não soubemos escolher, nem desapegar?

E se usarmos a analogia de que todos os presentes são dados por uma versão sua no futuro, que tudo que você guarda permanece com essa versão, já pensou que você está tendo infinitas possibilidades de desapegar antes de ter todas essas coisas negativas e a escolha que você faz é abraçá-las e permanecer com elas no longo prazo vivendo uma vida infeliz e sempre mandando mais e mais presentes horríveis para si mesmo, você é autor da sua história, você é fator reagente então aprenda a encontrar o material que reage bem para aquilo que você quer.

Quer ser um músico? Aprenda a ser acordes e notas. Quer ser um grande especialista em algo, busque ser feito de força e coragem. Quer ser ser dono do seu próprio negócio, aprenda a trabalhar muito mais duro que apenas suas 8h de assalariado. Quer crescer, cresça, force a mudança, você aprendeu as coisas mais importantes da sua vida assim! Seja louco, ousado. Quantas pessoas de sucesso que você conhece foram taxadas de loucas ao longo do tempo?  

Elas fizeram o inesperado, elas criaram sonhos, o seu eu do futuro aos poucos foi mandando presentes que precisavam de regentes específicos e como já sabiam o que era preciso para abraçar e conservar esses presentes, se ajustaram para ser o necessário, o agente reagente certo para conservar aquilo que tinham.

Não é fácil, você vai ter que treinar muito, vai perder algumas oportunidades, mas com o tempo vai ficando melhor nisso, as vezes desestabiliza porque é normal perder o ponto de vez em quando o que importa é o quanto você conhece sua própria fórmula para corrigir a dosagem e encontrar o ponto de estabilidade novamente.

Você escreve seu destino, faz suas escolhas e vai quebrar muito a cara até acertar, mas se decidir que quer e se propor a fazer o que precisa, vai conseguir, vai acumular muitas coisas e vai ter que desapagar de outras eventualmente, mas com o tempo vai pegando o feeling da coisa e tudo vai ficando mais fácil.

Então, aprenda a escolher bem os seus presentes, não aceite tudo que receber, aceite apenas o que você realmente quer e gaste suas energias com aquilo que deseja manter, tenho certeza que isso vai ajudar a receber cada vez mais presentes interessantes.


viagem

Eu a conheci em uma viagem, sua poltrona era ao lado da minha em um avião para Roma. 

Eu a achei muitíssimo bonita e qual não foi minha surpresa quando se virou em minha direção e se apresentou, com um sorriso maravilhoso, seu nome era Alice e na mesma hora me lembrei clássico Alice no país das maravilhas, ela usava uma calça confortável, um par de sapatos oxford azuis e uma camisa social azul clara estampada com flores estilo vintage, os cabelos estavam presos em uma trança caprichada dando um lindo efeito, devido as mechas loiras em meio aos fios naturais de um castanho claro cor de mel. Ela viajava para suas férias, trabalhava como promotora de eventos e gostava de conhecer novas culturas para inspirar suas decorações. Durante a viagem ela foi muitíssimo simpática, contando aos lugares que já havia visitado. 

Em dado momento da conversa me perguntou porque eu estava viajando para Roma e lhe contei que eu era fotógrafo e um casal de clientes se casaria em Roma naquele fim de semana, com toda sua impulsividade, me perguntou se poderia ir comigo para ver e se inspirar na decoração. 

Na hora eu hesitei e ela chegou até mesmo a se desculpar, mas eu lhe prometi que conversaria com os noivos e perguntaria se poderia levá-la. Até hoje não sei ao certo o que me fez tomar essa decisão, mas eu queria ter mais contato com ela, era uma mulher interessante e bonita e era minha chance de estar um pouco mais com ela.

Chegando ao aeroporto, meus clientes me esperavam animados para levar até o hotel, expliquei a eles que ela era uma amiga promotora de eventos que veio passar férias em Roma e se poderia levá-la ao casamento e eles aceitaram de primeira.

No fim de semana ela me acompanhou, usava um lindo vestido azul até a altura dos joelhos e os cabelos estavam presos em um penteado frouxo e displicente , a maquiagem leve dava um toque especial e eu a admirei pela simplicidade e por estar tão bonita.

Como era um casamento matutino a festa terminou por volta do fim da tarde e eu finalmente estava livre, resolvemos então pegar um táxi e fazer turismo por Roma. Visitamos a Capela Sistina e foi ali sob o teto pintado por Michelangelo que tivemos nosso primeiro beijo.

A contagem de tempo até aqui é de 4 anos, até hoje em que completamos nosso primeiro aniversário de casados, ela e eu unimos nossos talentos e hoje cobrimos eventos com organização, decoração e fotos. Planejamos ter um bebê daqui dois anos, até lá vamos continuar nosso ritmo de trabalho. Sempre que conseguimos viajamos, para que ela possa continuar se inspirando, esta foto é de nossa última viagem.

De forma inesperada encontrei o amor de minha vida!



Como realmente é, ser mãe


Eu tinha 21 anos, fiz o teste de gravidez no banheiro de casa e descobri que estava grávida.

Eu não me senti apavorada, em nenhum momento pensei se meu namorado aceitaria ou não, eu não estava nem um pouco preocupada com isso, minha preocupação era a mãe que eu seria, como ia ser dali por diante.

Incrível como alguns momentos da vida a gente olha e sabe  quanto são cruciais, eu não esperava ter um bebê, pelo menos ainda não, tomamos todas as precauções e por um descuido, que eu sinceramente sequer lembro qual foi, ali estava eu no banheiro me descobrindo grávida.

A notícia me deixou atordoada, eu não contei pra ninguém, nem para o Chris, eu queria me adaptar primeiro, e então eu poderia dizer as palavras em voz alta.

Quando eu decidi que era a hora já havia se passado mais de uma semana.

Ele aceitou bem, ficou feliz e disse que iria me apoiar, quanto a casar ou coisa assim decidimos que talvez fôssemos morar juntos antes do bebê nascer porque ele queria estar perto e me ajudar em tudo. Não posso reclamar dele, era um homem incrível, já com seus 26 anos, nunca foi um galinha baladeiro, sempre me tratou bem e acho que era justamente por isso estávamos juntos há 3 anos quando eu engravidei.

Com 4 meses e meio de gestação estávamos com o apartamento pronto e sabíamos que teríamos uma menina. Achei que ele ia ficar decepcionado, mas ele gostou da ideia de ser pai de uma princesinha.

Durante toda a gestação nós nos aproximamos muito um do outro, aprendemos mais sobre nós e consolidamos uma união saudável.

Uma noite aos 7 meses de gravidez eu percebi o quanto a minha filha havia transformado a minha vida, ela nem tinha nascido ainda e já tinha revirado tudo, por dentro e por fora.

O parto foi tranquilo, foi natural e eu pude sentir minha Felipa vindo ao mundo pouco a pouco, o nome escolhemos juntos, achamos ele lindo e, desde que escolhemos, sempre nos referimos a ela como a nossa Felipa. 

Vê-la foi uma das coisas mais lindas que eu me recordo de ter vivido, os cabelos castanhos, o rostinho inchado e o choro sentido de estar num mundo novo e desconfortável.

Depois daquele dia tudo é novidade, cada coisinha me faz sentir que eu não sei nada sobre ser mãe, eu não sabia que era tão difícil trocar fraldas, nem que o nascimento dos dentinhos iriam fazer meu coração se partir tanto, ouvindo aquele chorinho dolorido das gengivas se rasgando.

Com a minha filha eu aprendi que estar errada é uma constante, perdi a conta, de quantas pessoas palpitaram e disseram todas as coisas que eu deveria ou não fazer. Eu me apavorava com facilidade porque eu achava realmente que estava errada, eu queria ser uma boa mãe, mas a minha bebê não parava de chorar, me tirava o sono, me fazia sentir exausta e eu me sentia feliz e desolada, como se o parto tivesse simplesmente me quebrado ao meio.

Perdi a conta de quantas vezes me senti tão esgotada, queria poder voltar no tempo e não ter engravidado, em seguida me sentindo a pessoa mais horrível do mundo por pensar algo assim, porque eu a amava, mas ela era algo que tinha me mudado tanto...

Eu não estava pronta, não acho isso um problema, na verdade eu acho que nenhuma mulher nunca está pronta para ser mãe, ninguém te prepara para o que é a maternidade, a gente passa a vida acreditando que ser mãe é uma coisa natural, que é a essência feminina, que sempre saberemos o que fazer, mas não é assim, não é tão simples e muito menos um dom, é um exercício diário, é chorar e se sentir péssima, é tomar um banho de 10 minutos e sentir que conquistou o mundo, é ter uma noite inteira de sono e assim que abrir os olhos sentir pavor de "e por que ela não chorou ainda?" correr pro berço para ver se está tudo bem. A maternidade é um abandono, é você se esquecer de quem é, é perder os seus sonhos e multiplicar os medos, é maravilhoso o amor que eu sinto por ela e a gratidão que ela, mesmo sem sequer compreender, me dá todos os dias com seus olhinhos brilhantes.

Eu amo a minha filha, não me arrependo de verdade de ter tido ela, mas tenho um pavor enorme de errar uma vírgula.

Esse medo não é ensinado, minha mãe teve 3 filhos e nunca me disse como era difícil, as pessoas exaltam apenas o lado bom e isso não te prepara pra realidade. Sinceramente, eu me parti ao ter a Felipa, algo em mim se quebrou, não acho isso ruim, mas foi difícil compreender no começo.

Hoje a minha filha está com 6 anos, é uma menina linda, cheia de vida, me tira do sério e faz eu querer esganá-la pelo menos uma vez por dia.

Em todo caso, eu a amo e com o tempo eu aprendi a amar o meu eu mãe, hoje grande parte do medo se foi, eu tenho mais confiança em decidir as coisas e não ligo tanto para a opinião dos outros. Meu marido é um ótimo pai e acho que isso também em ajudou muito, ele esteve do meu lado nos momentos realmente desesperadores dessa jornada e muitas vezes repetiu que eu estava me saindo bem e que acreditava que eu poderia ser mãe, isso me ajudou muito e eu sempre serei grata por isso.

Essa semana uma amiga me perguntou, se não queremos outro filho eu ponderei essa ideia por alguns dias, mas por fim achei que não, é melhor assim como está, não faço questão de ter um outro bebê, eu já fui mãe, já experimentei esse lado meu, mas não vejo necessidade de viver tudo de novo.

Eu só quero dizer uma coisa pra você, mulher que está lendo isso, você não está louca, esse turbilhão é normal, o  medo que está ameaçando te devorar é normal, eu senti ele também. Não deixe que o mundo te faça sentir assim tão mal, você ama o seu bebê, sabe disso, o fato de estar cansada não muda nada, você ainda o ama e daria a vida por ele se fosse preciso, então desencana mulher, vai passar ok? Prometo!

Seja feliz e abrace todo o amor e o dessabor que é ser mãe...

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Nem todos que vagam estão perdidos

Essa frase é tão profunda, tão imensa em seu significado...

Já parou para pensar que estar andando em círculos não necessariamente te faz uma pessoa perdida? Quantas vezes você sabia exatamente aonde queria ir, mas não sabia o caminho que poderia seguir para chegar até lá?

Essa verdade nos abrange em todos os sentidos. Está na pessoa que ama o outro, mas não sabe vivenciar isso. Está no empreendedor que começa o sonho do próprio negócio, mas não sabe como administrá-lo. Está no sonho de trabalhar em uma determinada área, mas nunca se arriscar porque acha que não vai dar certo. Está no casamento que deu errado porque um dos dois (ou os dois) não se comprometeram totalmente e deixaram o amor morrer. Está em tudo, em todos os nossos momentos, em todos os fracassos, em todas as derrotas, em todas as vezes que você quis muito alguma coisa, mas não soube lidar com o que isso iria requerer de você.

Não é o destino que te assusta, é o caminho, como quando você quer viajar para o outro lado do mundo, mas morre de medo de andar de avião.

E antes que isso te desanime, deixe que eu tire esse fardo das suas costas, estar vagando é normal, todos nós vagamos as vezes, o importante é sempre ter a sua bússola em mãos para encontrar o seu norte, para voltar para a estrada e seguir em direção ao objetivo.

Talvez você se perca no caminho, talvez resolva mudar de direção do nada e isso não diz respeito aos outros, diz respeito a você, onde quer chegar, o que quer vivenciar, se quiser ir pelo caminho mais longo ou se quiser sentar na beira da estrada e olhar as estrelas, isso tem a ver com a sua jornada e a sua felicidade e você não deve se desculpar ou se sentir mal ou incorreto por fazer essas escolhas.

Ande para o onde o sol te levar e seja feliz no percurso, guarde suas recordações e saiba que as melhores jornadas são trilhadas por pessoas que mudaram de ideia diversas vezes, conheceram várias estradas e podem dizer com certeza o que desejam porque já vagaram e não estão mais perdidos.

Não queira saber onde quer ir muito cedo, pois quem muito cedo sai de casa, muito cedo chega e muito cedo se acomoda e a comodidade não mais te permitirá vaguear e explorar.

Então seja autor dos seus caminhos e saiba que...




SER MODELO

Olá, quero contar a minha história, a história de como eu me tornei uma modelo, top internacional. Tentarei ser breve, mas já peço desculpas se por acaso acabar me alongando demais.

Eu me chamo Amanda, hoje estou com 25 anos. Nasci em uma cidade pequena, aquelas cidades de interior, em que todos tem sotaque caipira e todo mundo conhece todo mundo.

Estudei em escola pública sempre e, um belo dia, já no ensino médio apareceu um agente. Ele trabalhava em uma agência de modelos e estava divulgando uma seleção, que seria no fim de semana seguinte. Na época eu tinha 15 anos, mas era uma moça bonita, cabelo  e olhos castanhos e era a mais alta dentre as minhas colegas de classe. 

Seria bobagem dizer que não me empolguei, minhas amigas ficaram eufóricas e decidimos ir todas juntas na seleção. 

Meus pais eram muito conservadores e não queriam me deixar ir, mas consegui convencer eles a deixarem.

No dia da seleção, fomos eu e mais 4 amigas para o local do evento, lá preenchemos um formulário e fomos encaminhadas para um lugar onde tinham várias araras de roupas, sapatos e acessórios. Escolheram roupas para nós, nos maquiaram e arrumaram nossos cabelos, fotografamos em um estúdio e tivemos uma breve aula de como desfilar, foi divertido, estávamos muito empolgadas. 

Passaram-se alguns dias e meu telefone tocou, era o tal agente, me dizendo que tinham gostado das minhas fotos e que queriam conversar comigo e com minha família, meus pais concordaram e assim foi dado o start da minha carreira.

Ele me ofereceu um contrato de experiência, eu ganharia apenas pelos trabalhos que fizesse e parte do lucro ficaria para a agência, meus pais acharam razoável e concordamos em assinar. 

Cerca de um mês depois surgiu o primeiro trabalho, era para fotografar uma linha de roupas para uma loja, mas o que eu não esperava era a exigência que veio junto, eu teria que perder peso, na época com meus 1,75 de altura eu pesava 64 quilos, mas eu teria que baixar meu peso para no máximo 58, mas o pior é que eu teria apenas três semanas para cumprir a exigência, aceitei mesmo assim e comecei uma dieta que vi na internet. 

No prazo estipulado estava pesando 57,5 quilos e fui aceita para fotografar, rendeu pouco, porque a parte da agência não cobria gastos como viagem e alimentação, logo, como eu era menor de idade e tive que levar minha mãe junto gastamos passagens de ônibus, uma noite em um hotel e a alimentação durante a estadia.

Com o tempo surgiram mais trabalhos, alguns pediam para que eu estivesse bronzeada, outros para que eu tingisse o cabelo ou usasse peruca, comecei a gastar com tratamentos para o cabelo e pele, além de muita maquiagem, tive de desembolsar um bom valor fazendo meu book de modelo e aos poucos fui sendo engolida pelo trabalho.

Aos 17 anos eu já pesava 54 quilos, ia mal na escola porque viajava muito, as vezes desmaiava de fome por causa das dietas, comecei a ter enxaqueca e deficiência de vitaminas. Minha médica me encaminhou para uma nutricionista que me deu a dieta mais absurda do mundo, que consistia em fazer eu aumentar meu peso, para no mínimo 58 quilos, mas meus trabalhos pediam cada vez menos peso, comecei a comer para saciar e vomitar no banheiro antes de digerir, assim eu adquiri bulimia e como consequência entrei em processo de anorexia, mas a carreira ia bem obrigada.

Consegui manter meus 54/55 quilos até meus 19 anos, então passei por uma seleção para uma agência maior e fui morar em Milão com outras modelos na república da agência. Lá as coisas começaram a ficar sérias porque minha mãe não estava ao meu lado para me controlar.

Comecei a comer cada vez menos, mesmo assim as empresas escolhiam muitas vezes outras modelos por eu não estar no “padrão” e assim me afundei de vez. 

Aos 20 anos eu entrei no estágio mais grave da anorexia e passei meu aniversário de 21 anos internada em um hospital, estava começando a ter sérios problemas de saúde, muitas deficiências de vitaminas e tudo que eu conseguia pensar era que eles iriam me entupir de comida e que eu ia regredir meses no meu processo de emagrecimento, eu estava irritada demais, teria que voltar com as dietas assim que saísse do hospital.

Lembro que nessa época minha mãe chorava muito e se arrependia de ter me dado força para começar essa carreira, mas eu me chateava com ela, dizendo que eu estava feliz, que eu morava em Milão, com as despesas pagas pela agência e que era isso que eu queria. Então, ela chorava ainda mais e dizia que eu só podia estar cega.

O baque veio quando eu recebi a visita de uma psicóloga. Ela sentou na cadeira que ficava ao lado da minha cama e fez a seguinte pergunta:

- Você tem o sonho de morrer? – ela tinha uma expressão serena e me olhou bem nos olhos para que eu respondesse.

Fiquei chocada com a pergunta, realmente abalada e respondi.

- Quem sonha em morrer? Eu quero viver muito e ser ainda muito feliz! 

Então ela olhou para mim por alguns instantes com olhar pesaroso e pegou alguns papéis que estavam em suas mãos.

- Estes são os seus exames Amanda. Você tem deficiência de vitaminas, minerais, baixa porcentagem de gordura, hipoglicemia severa, baixo teor de sódio, cálcio, zinco e ferro. Isso se deve a sua excessiva perda peso, isso se deve a sua bulimia e anorexia, se deve as dietas restritivas que você faz. Falei com sua mãe antes de vir aqui conversar com você e ela me disse que você está feliz por estar vivendo o seu sonho de ser modelo. Então Amanda, vou te falar a verdade dura e cruel que eu acho que você ainda não compreendeu. O seu sonho de ser modelo vai ser responsável pela sua morte precoce. Eu já tratei inúmeras moças como você, meninas lindas com um sonho de serem modelos, de viajar o mundo desfilar e ganhar dinheiro, mas que acabaram exatamente onde você está agora, em uma cama de hospital, muitas delas em coma, porque a deficiência de todos os nutrientes do organismo era tão severa que elas nem conseguiam mais se manter conscientes. Eu vim hoje aqui para te dizer isso e quero que você faça uma escolha, viver ou ser modelo? Porque com as medidas que você tem hoje pode ser que você consiga bons trabalhos, mas eu garanto a você que não adiantará nada ter bons trabalhos se você não puder sequer caminhar sozinha devido a fraqueza do seu organismo.

Ela me olhou, com aquela mesma expressão pesarosa. Confesso que a primeira reação que eu tive foi a de que ela estava louca, que ela estava sendo muito dramática e que não era isso tudo, mas parece que ela leu meus pensamentos, pois me entregou meus exames e me mostrou ao lado de cada contagem as anotações dela, as diferenças entre o valor mínimo exigido para uma pessoa adulta saudável e as minhas eram absurdas, diferenças realmente exorbitantes e meu queixo caiu.

Em pouco tempo comecei a chorar, ela me consolou, disse que eu poderia melhorar que eu poderia trabalhar ainda, que meus padrões aceitáveis para ter uma boa saúde ainda me renderiam um corpo bonito, que eu ainda poderia ter alguns contratos assim.

Foi ali que começou a mudança, foi mais do que um processo de reeducação alimentar, foi mais do que apenas engordar um pouco e sair da zona crítica, foi uma mudança drástica no meu modo de pensar e ver o mundo, foi uma transformação total de vida como um todo.

Hoje eu estou bem, pratico exercícios, como de forma saudável e criei um modo de ajudar outras garotas como eu. Reuni algumas amigas que fizeram terapia comigo, que passaram pelo mesmo problema e juntas criamos nossa agência de modelos, nela nós temos uma equipe de preparação própria, fotógrafos e todo um convênio com médicos, nutricionistas e psicólogos para dar suporte. Na Natural Models o lema é saúde, já crescemos muito como agência, mas aos poucos estamos fechando contratos com marcas bacanas que tem a preocupação com a saúde, além de vários patrocínios, nossas modelos são todas muito lindas, com corpos reais, que conseguem bons trabalhos e que, cá entre nós, fotografam bem melhor que muita modelo esquelética por aí.

Eu acho que o mais importante dessa minha história é o conselho que eu sempre dou para as minhas modelos:

Nunca deixe que a sua saúde venha depois dos seus sonhos, é impossível usufruir dos nossos sonhos em um quarto de hospital, ou pior, em um cemitério. Sonho nenhum vale a sua vida. 

Portanto, viva e seja feliz, independente dos padrões impostos.